"Talvez possa surpreender o Pogacar e não esperar pelo seu ataque" João Almeida fala em "abrir o motor no CRI" e das expectativas para a prova de estrada dos Europeus

Ciclismo
quarta-feira, 01 outubro 2025 a 22:05
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Para João Almeida, a temporada já vai longa, tendo-se iniciado a 5 de fevereiro na Volta à Comunidade Valeciana, e com excelentes resultados. Prestes a concluir o melhor ano da sua carreira com triunfos nas gerais da Volta ao País Basco, Volta à Romandia e Volta à Suíça, e o histórico segundo lugar na Volta a Espanha (igualando Joaquim Agostinho), o português reconhece que sente cansaço após 69 dias de competição, mas reafirma que dará o máximo nos últimos dois dias antes do encerramento da época.
No Campeonato da Europa, onde representará Portugal no contrarrelógio nesta quarta-feira e na prova de fundo no domingo (5 de outubro), Almeida estará confrontado com adversários de elite: Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard ou Remco Evenepoel, entre outros. Na antevisão para o jornal A BOLA, falou abertamente sobre os seus objetivos e desafios.
Questionado sobre o desgaste de toda uma temporada e como isso pode impactar no Europeu, Almeida admitiu o cansaço: "Já… Mentalmente, tem sido um bocadinho duro. Para ser sincero, não fiz grande preparação para os Europeus. Creio que devemos respeitar o que diz a mente, para pensar a longo prazo. De facto, não chego no meu melhor, mas darei tudo o que tenho".
O período pós-Vuelta foi semelhante ao arranque de um trator, nome que Tom Pidcock lhe apelidou na passada Vuelta: "Estive uns dias sem treinar, totalmente parado. Fiquei por Portugal e recomecei a treinar lá, pelas estradas da minha região. Mas quando foi para arrancar o motor, o motor não quis arrancar… Foram assim, tipo reco-reco, estes últimos tempos desde a Vuelta. Mas a época está a terminar e, repito, darei tudo o que tiver esta semana".
Assim sendo, a entrada "de chofre" no CRI não o deixa muito confiante, ainda que o português goste de esconder o jogo: "Não espero boas sensações, mas espero estar enganado… A concorrência é de muito nível, estarão em competição todos os melhores especialistas europeus em contrarrelógio. E depois de ter reconhecido hoje [terça-feira] o percurso, acho que não me favorece. É um percurso muito rolante. Sinceramente, é bem menos duro do que eu pensava. Além disso, vai haver muito vento, o que também não me favorece, por ser mais leve do que os especialistas. Por isso, tentarei representar Portugal da melhor maneira, dando o máximo".
O esforço de 24km concluiu-se com uma subida de cerca de 1 km a 5 %, o que poderá beneficiar Almeida: "Não sei, já vamos chegar aí no limite. Sinceramente, pensei que essa subida fosse mais dura, mas, na realidade, é só um topozinho. Vai cobrar a todos e fará ligeiras diferenças. No entanto, serão os quilómetros anteriores que decidirão".
Virando atenções para domingo, Almeida espera que o CRI seja uma preparação para a corrida de estrada: "Espero que o meu motor amanhã [no contrarrelógio] abra ao máximo e a partir daí reencontre-me com sensações novas. Teremos alguns dias para treinar um pouco também".
Serão 3500 metros de acumulado, em 202,5km de extensão: "É duro, é um sobe e desce constante, com três subidas mais longas iniciais e depois um circuito rompe-pernas que vai fazer mossa. Será uma corrida de mais de 200 quilómetros, portanto será dura. Vamos ver como se desenrola. Haverá muitos corredores de alto nível. Vão estar todos presentes e pode haver táticas diferentes de corredor para corredor, que partam o pelotão em pequenos grupos que depois não voltem a reagrupar-se até ao final".
Sobre as suas táticas e as dos rivais, trouxe à coação os principais nomes: "Não sei. Com ataques de longe que se têm visto e, depois do que se assistiu no Mundial do Ruanda, talvez até vejamos o Remco [Evenepoel] a tentar antecipar-se ao Pogacar. Talvez surpreendê-lo um pouco e não esperar pelo seu ataque. Outros corredores também podem tentar antecipar-se, sabendo que não conseguem seguir com estes dois. E não esquecer o Vingegaard, que também estará presente. Acho que vai ser uma corrida muito bonita de assistir".
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a rivalidade Almeida vs Vingegaard marcou a última Vuelta
O reconhecimento ainda foi feito e está ansioso por esse momento, que deverá decorrer quinta ou sexta feira. "Não, ainda não. Ainda não sei como é. Mas vai ser interessante reconhecer e tentar perceber se vale a pena antecipar os ataques dos rivais. Na corrida de fundo, não temos nada a perder, não é? Tentar antecipar ou esperar pelo fim. Vai ser giro ver isso".
Por fim, quando questionado sobre a motivação de correr com as cores nacionais, foi o ciclista de 27 anos foi claro: "Sim, estou. Representar a Seleção é sempre diferente, é motivador. E é a última corrida do ano, é para dar tudo!"
Portugal entra em ação nesta quarta-feira no Campeonato da Europa de Estrada, em Drôme-Ardèche, França, com seis ciclistas nas disputas de contrarrelógio. Nos elites masculinos, alinham João Almeida e Nelson Oliveira, enquanto no setor feminino Portugal contará com Daniela Campos.
Sobre o percurso de 24 km do contra-relógio, o selecionador nacional José Poeira sublinhou: "São 24 quilómetros, num percurso que não é muito longo e termina em subida. O Nelson Oliveira e o João Almeida são bons contrarrelogistas, mas a concorrência é muito forte. Se a distância fosse maior seria mais favorável, sobretudo para o Nelson, que ainda vem de uma lesão na mão e não teve preparação ideal. Vamos dar o nosso melhor e procurar o melhor resultado possível".
Para as elites femininas, Daniela Pereira, nova selecionadora nacional, opinou: "O percurso tem dois momentos mais exigentes, a meio e no final, que além de duros são técnicos. A Daniela Campos, pela experiência que tem, vai saber enquadrar-se bem. O objetivo é que tanto a Daniela como Beatriz Roxo superem os resultados anteriores em provas internacionais e apresentem uma boa prestação".
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