Tim Wellens e Matteo Jorgenson desvalorizam tensões entre Emirates e Visma: "Estávamos apenas a dar o nosso melhor"

Ciclismo
domingo, 27 julho 2025 a 9:30
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Tadej Pogacar vai entrar nos livros de história do ciclismo com o seu quarto triunfo na Volta a França, cimentando o seu estatuto de lenda viva da modalidade. À frente de Jonas Vingegaard, eterno rival, o esloveno da UAE Team Emirates - XRG resistiu a três semanas intensas e encerra hoje, em Paris, mais uma edição marcada pelo desgaste extremo, pressão constante e por uma rivalidade cada vez mais tensa entre as duas grandes potências do pelotão: a UAE e a Visma.
O que se viu na estrada não foram apenas ataques e contra-ataques pelo topo da geral, mas também pequenas escaramuças que revelaram sinais claros de saturação emocional. Um dos episódios mais notórios aconteceu na penúltima etapa, quando Matteo Jorgenson (Team Visma | Lease a Bike) e Tim Wellens (UAE Team Emirates - XRG) protagonizaram uma troca persistente de ataques numa tentativa de fuga que acabou por não ir longe. Ambos os ciclistas, visivelmente exaustos, minimizaram qualquer ideia de conflito pessoal, insistindo que tudo se resumiu à dureza da prova. "Não sei o que se passa, acho que não há nada", afirmou Jorgenson ao CyclingWeekly. "O Tim e eu só queríamos estar na fuga e jogamos as nossas cartadas muito cedo. No final, acabamos por ser deixados para trás juntos. Não houve tensão entre nós."
Wellens reforçou essa ideia, apontando para o desgaste físico como principal fator: "Hoje foi muito difícil. Matámo-nos um pouco para entrar na frente da corrida e, quando entramos na fase final, sentimos que estávamos muito cansados."
Apesar das palavras conciliadoras, a tensão entre a UAE e a Visma foi notória ao longo da prova. Pogacar respondeu pessoalmente a quase todos os ataques de Jorgenson, enquanto Wout van Aert não poupou críticas ao campeão do mundo no último dia de montanha. Tudo isto contribuiu para o ambiente de guerra fria que se foi adensando entre os dois blocos.
“Eramos dois homens derrotados a falar”, resumiu Jorgenson sobre o episódio com Wellens. “Estávamos apenas a dar o nosso melhor.” Do lado da UAE, o belga reconheceu que “nem ele nem Jorgenson tinham pernas para ganhar”, mesmo tendo tentado unir esforços nos quilómetros finais. “Quando o Groves atacou e ficou com um minuto de vantagem, sabíamos que era o fim.”
A presença constante de tensão e desgaste físico ao longo da corrida foi visível em todos os planos: desde a gestão interna das equipas, até à forma como os ciclistas mais secundários, como Wellens e Jorgenson, se viam forçados a dar tudo em dias em que o corpo já pouco respondia. A edição de 2025 da Volta a França foi, nesse sentido, uma maratona psicológica tanto quanto física.
O domínio de Pogacar, selado com autoridade e carisma, destaca-se ainda mais neste contexto de fadiga coletiva. O esloveno provou ser não só o mais forte, mas também o mais resiliente. E embora a etapa de Paris este ano passe por Montmartre, o simbolismo mantem-se intacto: o rei do Tour é, mais uma vez, Tadej Pogacar.
A rivalidade com Vingegaard promete estender-se por mais temporadas, mas o Tour de 2025 deixou claro que, mesmo quando as pernas vacilam, o orgulho e o espírito competitivo continuam a animar as estradas de França.
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