Uma das figuras mais marcantes da primeira metade da
Volta a França 2025 foi, sem dúvida,
Mathieu van der Poel. O holandês da
Alpecin-Deceuninck ofereceu à corrida uma intensidade rara, atacando com a irreverência que o tornou uma referência nas Clássicas da primavera. Venceu a etapa 2 com autoridade, vestiu por várias vezes a Camisola Amarela e mostrou-se competitivo em vários outros momentos. O Tour parecia finalmente adaptado às suas características, mas a história terminou de forma abrupta com o diagnóstico de uma pneumonia.
A quebra foi tão repentina quanto cruel. Depois de semanas a animar a corrida, Van der Poel viu-se obrigado a abandonar, visivelmente debilitado. O seu pai,
Adrie van der Poel, partilhou com o
WielerFlits uma breve atualização sobre o estado do filho: "Ouvi hoje na televisão que, ao que parece, ele tinha andado um pouco na bicicleta. Mas não falei com ele hoje. Ontem de manhã, enviou-me uma mensagem a dizer que estava muito melhor, mas que também sabia que tinha de ir com calma durante alguns dias. A pneumonia é um problema sério. É melhor descansar um dia a mais do que começar uma hora mais cedo".
Adrie acrescentou que Mathieu poderia até ter feito um passeio leve caso o tempo estivesse mais agradável, mas mostrou confiança no discernimento do filho: "Normalmente, ele é crescido e sábio o suficiente para seguir esse bom conselho".
Este Tour representou uma reflexão própria na relação de Van der Poel com a Grande Volta francesa. Em edições anteriores, o percurso raramente lhe oferecia oportunidades claras. Mas com a edição de 2025 desenhada com mais etapas ao estilo das Clássicas, o holandês voltou a identificar-se com a essência da corrida e, sobretudo, com o prazer de competir. A sua última vitória numa etapa da Volta a França remontava a 2021, o que tornava este triunfo ainda mais especial.
O pai, ele próprio antigo ciclista profissional e Campeão do Mundo de Ciclocrosse, mostrou-se realista ao olhar para a performance e para o desfecho precoce: "Eu deixo as coisas assim passarem imediatamente. Também não o devemos culpar por isso. Penso que a desilusão foi muito grande este ano, porque acho que ele estava incrivelmente preparado. Ele próprio queria isso, porque havia muitas possibilidades."
Mesmo com a frustração do abandono, Adrie reconhece o impacto que o filho teve na corrida: "Houve algumas coisas que não lhe correram bem, mas em retrospetiva, há que dizer: ganhar uma etapa, lutar pela camisola amarela, recuperá-la de uma forma espetacular, passar um dia inteiro na fuga só com mais um ciclista. Fantástico, penso eu."
A incerteza sobre o regresso de Van der Poel às estradas mantém-se, mas uma coisa é certa: a sua passagem pela edição 2025 ficará na memória como um dos momentos mais vibrantes da corrida, mesmo que tenha terminado demasiado cedo. A sua irreverência e classe continuam a ser um sopro de ar fresco numa prova onde, por vezes, o controlo táctico se sobrepõe à ousadia.