A temporada de 2025 de Tom Pidcock começou bem e no passado final de semana fez a sua estreia pela Q36.5 Pro Cycling Team na Milan-Sanremo. Num dia marcado pela vitória de Mathieu van der Poel, à frente de Tadej Pogacar e Filippo Ganna, Pidcock viu as suas ambições comprometidas devido a uma queda na aproximação à Cipressa, que o deixou fora de posição no momento decisivo.
"Comecei a subida numa posição muito má," lamentou Pidcock ao Wielerflits. "Depois da queda, fiquei demasiado atrás quando Pogacar, Van der Poel e Ganna atacaram. Nunca mais vi a frente da corrida."
Apesar da desilusão, a prova marcou um momento significativo para o britânico: a estreia num Monumento pela sua nova equipa. A mudança para a Q36.5 surpreendeu muitos, pois, aos 24 anos, Pidcock está no que muitos consideram o auge da carreira. Abandonar uma gigante do World Tour como a INEOS Grenadiers em prol de um projeto emergente gerou dúvidas, mas para o britânico, a decisão vai além dos resultados.
"Muita gente perguntou porque é que vim para cá no momento em que devia estar a ganhar. Mas não se trata apenas disso para mim. O importante é divertir-me e construir uma história. Quero deixar um legado que inspire as pessoas."
Comparações com os outros grandes talentos da nova geração são inevitáveis, mas Pidcock acredita que segue um caminho distinto.
"Acho que não sou comparável a eles. Sou um ciclista diferente. O meu ponto forte continua a ser o BTT. Na estrada, não tenho o sprint ou a potência pura de alguns deles. Nas subidas, sou mais um ciclista das Ardenas – subo melhor do que o Wout e o Mathieu, mas não sou tão forte nas clássicas."
Ainda assim, Pidcock já provou o seu valor na estrada. Neste início de temporada, foi segundo classificado na Strade Bianche, atrás apenas de Pogacar.
O britânico tem sido relativamente poupado de grandes contratempos na carreira. Questionado sobre o momento mais difícil, recordou um acidente antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio. "Tenho tido sorte em evitar grandes quedas. Mas partir a clavícula antes dos Jogos Olímpicos de 2021 foi complicado."
Mesmo assim, enfrentou a situação com serenidade: "Não valia a pena ficar zangado. O que estava feito, estava feito. Concentrei-me apenas no que podia fazer para recuperar."
Essa mentalidade também se reflete na incerteza sobre o seu calendário em 2025, dado que a Q36.5 não tem entrada garantida em todas as grandes provas. "Se não formos convidados para certas corridas, não sou só eu que fico de fora, é toda a equipa. Sei no que me meti."
O britânico admite que os últimos tempos na INEOS não foram fáceis e que a mudança de equipa lhe trouxe um novo fôlego. "Diria que agora estou mais parecido com o ciclista que era quando comecei a correr. Nos últimos anos, tornou-se mais um trabalho. Antes, era pura paixão."
Agora vive em Andorra com a namorada e aprecia o distanciamento do ciclismo quando não está em competição. "Depois de um treino duro ou de uma corrida difícil, não quero falar de ciclismo. Quero ouvir a minha namorada falar do que está a fazer no design de interiores. Ela desenhou a nossa casa, e isso é algo que me distrai completamente do ciclismo."
Pidcock nunca escondeu a sua paixão por competir em várias modalidades. E essa tendência irá continuar: "Este ano, espero competir em algumas provas de BTT em julho. Gostava de disputar o Mundial, especialmente com o regresso do Mathieu – seria uma boa batalha."
Além disso, confirmou que voltará ao ciclocrosse no próximo inverno. Quanto à estrada, o foco principal é ajudar a Q36.5 a crescer. "Se formos à Vuelta, é lá que vou estar."
Talvez um ano afastado da Volta a França seja exatamente o que precisa para reencontrar o prazer de pedalar. Se tudo correr como espera, Pidcock pode estar a preparar o terreno para um regresso ainda mais forte ao mais alto nível.