“Um ponto de viragem na carreira...” - Um dos veteranos da Visma fala sobre a Volta a França e o final de carreira

A Team Visma | Lease a Bike conta com vários veteranos de longa data, muitos deles trepadores. Embora o nível suba ano após ano, Wilco Kelderman mantém-se competitivo através das gerações e, apesar de estar totalmente dedicado ao papel de gregário, continua motivado aos 34 anos e acredita que a Volta a França é a corrida que mais o inspira.

Mas o pensamento da reforma já começa a surgir para o neerlandês. “Talvez continue mais um ano depois de 2027, mas teremos de esperar para ver”, partilhou Kelderman ao Wielerflits. “A minha família está em casa, as minhas filhas estão a crescer. Por vezes, ir para estágios em altitude é um pouco difícil. Mas a minha motivação mantém-se intacta.”

Kelderman adaptou-se bem ao novo papel, após muitos anos como um dos líderes da Visma. Em 2013 já corria ombro a ombro com os melhores do mundo, numa altura em que não era comum alguém tão jovem fazê-lo. Sofreu várias lesões e doenças ao longo da carreira, mas manteve o nível e talvez a sua melhor época tenha sido 2020, quando terminou no top 10 de todas as voltas por etapas que iniciou e foi terceiro na Volta a Itália, prova que chegou a liderar na última semana.

“A vontade de treinar duro e fazer tudo para estar na frente da corrida é a mesma. Enquanto isso se mantiver, continuarei. Mas há um ponto de viragem na carreira de todos, em que fatores como a família e a condição física tornam o ciclismo menos prazeroso, e aí acabou.”

É difícil entrar no bloco da Visma para a Volta a França, uma equipa altamente competitiva que há vários anos centra quase todo o foco na Grand Boucle. Já a correu seis vezes, em 19 participações em Grandes Voltas, mas este ano alinhou na Volta a Itália e na Volta a Espanha, onde ajudou Simon Yates e Jonas Vingegaard a vencerem a geral. Kelderman continua a ser uma referência experiente e um trepador de qualidade que contribui de forma significativa para esses objetivos.

Mas quer voltar ao Tour, sobretudo depois de provar nos últimos anos que ainda tem pernas para render. “Diverti-me muito em 2023 e 2024. Notei que ter um plano para ganhar o Tour ou dominar uma corrida me torna mais forte. Se estiver a desempenhar bem, posso ser útil nas próximas corridas. Estou curioso para ver que plano a equipa vai apresentar.”

E o sucesso coletivo está acima de tudo na sua mente, apesar de ainda não ter uma vitória no WorldTour e de não subir ao lugar mais alto do pódio há mais de 10 anos. “Valorizo os sucessos da equipa e estou muito feliz por poder treinar duro todos os dias. Não me arrependo de nenhuma escolha na minha carreira, nem sinto que perdi oportunidades por trabalhar para outros.”