No primeiro dia de descanso da
Volta a Espanha 2025, o grande tema em debate continua a ser a prestação de
Juan Ayuso na 9ª etapa, em Valdezcaray. O espanhol surpreendeu ao deixar-se ficar para trás deliberadamente antes do início da subida final, deixando
João Almeida completamente isolado, o que permitiu a Jonas Vingegaard lançar um ataque prematuro e ganhar tempo ao líder da
UAE Team Emirates - XRG.
Alberto Contador, lenda do ciclismo espanhol e atualmente analista no Eurosport, analisou o episódio que marcou o desfecho da etapa dominada por
Vingegaard. Para além da vitória do dinamarquês, a imagem mais chocante do dia foi mesmo o momento em que Ayuso se deixou ficar para trás de propósito, numa manobra interpretada como uma forma de poupar forças para tentar novas vitórias em etapas posteriores.
Não foi apenas Ayuso a falhar o apoio a Almeida. Nem Marc Soler nem Jay Vine assumiram o trabalho de proteção, mas as críticas recaíram sobretudo sobre o vencedor da 7ª etapa, acusado de não ter sequer tentado ajudar o companheiro de equipa português nos quilómetros decisivos.
“É evidente que, à medida que a etapa se desenrolava, os ciclistas da UAE sentiram a falta dele. Entre eles, Juan Ayuso. Porque é que ele ficou para trás? É verdade que o que aconteceu foi inesperado. Penso que será a última vez que vão tolerar isto”, disse Contador sobre o sucedido em Valdezcaray.
Problema de equipa ou rebelião individual?
O debate sobre se Ayuso estará em “rebelião” surge no contexto da crise entre o jovem espanhol e a estrutura da equipa. A relação tem vindo a deteriorar-se no último ano, e a sua transferência para a Lidl-Trek, já no próximo inverno, é cada vez mais falada.
Para Contador, no entanto, a responsabilidade deve recair sobre a gestão da UAE Team Emirates - XRG e não sobre Ayuso. “Penso também que o nome de Juan Ayuso é frequentemente mencionado, mas ele faz parte de uma equipa. Tem uma série de diretores que o orientam e lhe dizem o que fazer e o que não fazer. Não sabemos porque é que ele se deixou ficar, mas se tinha pernas a culpa não foi dele, foi porque não lhe disseram no carro que tinha de estar lá e apoiar o Almeida”, sublinhou.
O tricampeão da Vuelta reforçou ainda que a situação está longe de ser clara. “Não sabemos realmente qual é a condição física e a razão pela qual Ayuso não ficou no grupo. Mas não há dúvida de que isto só vai alimentar o mau estar que parece existir”, concluiu.