VIDEO - Lance Armstrong mostra coleção de camisolas amarelas em anúncio de cerveja

Ciclismo
quinta-feira, 29 maio 2025 a 10:45
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Lance Armstrong pode ter sido apagado dos livros oficiais de recordes da Volta a França, mas a sua sombra permanece inconfundível no mundo do ciclismo. Mais de uma década depois de lhe terem sido retirados os sete títulos conquistados na mais prestigiada das Grandes Voltas, na sequência de um dos mais mediáticos escândalos de doping da história do desporto, o texano volta a ser tema de conversa, não por um regresso à competição, mas por um anúncio publicitário.
No mais recente anúncio da Athletic Brewing, marca norte-americana especializada em cervejas sem álcool, Armstrong surge numa sala decorada com sete camisolas amarelas. “Há qualquer coisa na cor amarela”, diz ele pausadamente, enquanto a câmara percorre lentamente as peças emblemáticas da liderança da Volta a França, agora guardadas em ambiente privado, longe dos Campos Elísios. Aos 53 anos, o antigo campeão ergue uma garrafa com um rótulo amarelo até aos lábios. A metáfora visual não deixa margem para dúvidas.
A cor, que outrora simbolizava a sua supremacia no ciclismo mundial, ainda faz parte da sua identidade. Oficialmente, os sete triunfos de Armstrong já não existem. Mas na memória coletiva do pelotão internacional e dos adeptos da modalidade, o impacto permanece. O norte-americano vestiu a camisola amarela durante 83 dias ao longo de sete edições consecutivas da Volta a França. Números que foram rasurados dos registos, mas nunca esquecidos.
O anúncio provocou imediatamente debate. É um gesto de desafio? Um esforço de reivindicação do legado? Armstrong sempre abraçou a controvérsia e esta mais recente aparição dificilmente servirá para apaziguar o discurso em torno do seu papel na história do ciclismo.
Ele continua a ser uma figura profundamente polarizadora. Um sobrevivente de cancro que inspirou milhões, mas que depois se tornou símbolo de um esquema de batota. Em 2012, a Agência Antidopagem dos Estados Unidos revelou os contornos de um sistema altamente estruturado de dopagem que envolvia Armstrong e a equipa US Postal Service, classificando-o como “o programa de dopagem mais sofisticado, profissionalizado e bem-sucedido que o desporto alguma vez viu”. As repercussões foram tremendas. Perdeu patrocinadores, foi despojado dos títulos e viu a sua imagem desmoronar-se por completo.
Ainda assim, Armstrong nunca desapareceu por completo. Continua a produzir conteúdos em podcast durante a Volta a França, comenta as corridas com regularidade e, agora, protagoniza campanhas publicitárias que se situam algures entre a nostalgia e a provocação.
Este anúncio não se limita a vender uma bebida sem álcool. É também sobre posse simbólica. As camisolas podem ter sido removidas dos arquivos da UCI, mas continuam expostas na casa de Armstrong. E isso levanta uma questão desconfortável para muitos adeptos. Pode a história ser reescrita? Ou será que a imagem de Lance Armstrong de camisola amarela permanece gravada na retina de toda uma geração?
O anúncio não oferece respostas. Nem tenta. Mostra apenas um homem que, independentemente de tudo o que perdeu, continua a atribuir um valor emocional àquela cor. À medida que o ciclismo moderno tenta virar a página, recuperar a sua credibilidade e redefinir os seus ícones, o legado de Armstrong mantém-se como uma cicatriz aberta ou como um símbolo de resiliência, dependendo da perspetiva.
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