Vincenzo Nibali quebra o silêncio sobre a investigação que o perseguiu após o final da carreira: "Podem analisar as minhas amostras daqui a cem anos. Não vão encontrar nada, nunca me dopei na vida"

Ciclismo
sábado, 03 maio 2025 a 12:00
1106007732
Considerado um dos maiores ciclistas de Grandes Voltas da sua geração e um dos maiores de todos os tempos, fazendo parte da prestigiada e curta lista de ciclistas que venceram as 3 grandes voltas, Vincenzo Nibali encerrou a carreira profissional no final de 2022 com um currículo invejável: venceu por duas ocasiões a Volta a Itália, ganhou uma Volta a França, uma Volta a Espanha, duas edições da Volta à Lombardia, uma Milan-Sanremo e inúmeros outros triunfos, num total invejável de 54 vitórias. No entanto, apesar de nunca ter testado positivo para substâncias proibidas, o italiano tem sido alvo de escrutínio intenso desde que pendurou a bicicleta.
“O Tubarão de Messina” nunca foi apanhado em qualquer controlo antidoping, mas conhece bem o lado mais sombrio do ciclismo. Em diversas ocasiões ao longo da carreira, viu vitórias escapar para corredores que mais tarde foram apanhados por doping. Em entrevista ao Corriere della Sera, Nibali reconhece: “Provavelmente, perdi muito.” Aponta como exemplos Maxim Iglinskiy, que venceu a Liege–Bastogne–Liege em 2012 à sua frente e foi posteriormente suspenso, e Ezequiel Mosquera, que rivalizou com Nibali na Vuelta de 2010 e teve os seus resultados anulados anos depois.
“A corrida era como ir para a guerra”, desabafa o antigo líder da Astana. "Mas nem todos estavam dispostos a fazer tudo para vencer, como os casos que mencionei".
Apesar do seu histórico limpo, Nibali revela que, ironicamente, foi após a reforma que as suspeitas atingiram um novo patamar. "Podem analisar as minhas amostras daqui a cem anos. Não vão encontrar nada, nunca me dopei na vida", afirma com convicção. No entanto, a ausência de provas não impediu que se tentasse encontrar algo onde não existia.
“Seguiram-me, abriram o meu carro, mexeram no meu telemóvel e estou convencido de que entraram em minha casa à procura de provas que não existiam”, denuncia. Para Vincenzo Nibali, o motivo por trás desse clima de desconfiança era claro: "Estava a ganhar, era italiano e o meu chefe de equipa, Aleksandr Vinokourov, tinha um passado obscuro como muitos outros".
A honestidade e firmeza de Nibali revelam uma faceta menos conhecida da sua trajetória: a de um campeão que, mesmo sem mácula, teve de lidar com a sombra da dúvida. Um fardo que, segundo ele, está longe de ser justo — e que, em última análise, reflete o peso de um passado difícil de apagar na história recente do ciclismo profissional.
aplausos 0visitantes 0
Escreva um comentário

Últimas notícias

Notícias populares

Últimos Comentarios