A 12.ª etapa da
Volta a França de 2025 marca o regresso da corrida ao lendário Hautacam, palco de momentos históricos na prova e, mais do que isso, uma montanha que ocupa um lugar especial na memória de
Wout van Aert. Esta quinta-feira, o mundo do ciclismo volta a olhar para esta subida como um possível ponto de viragem na luta pela Camisola Amarela entre
Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar.
Foi precisamente em Hautacam, na edição de 2022, que Van Aert protagonizou aquele que muitos consideram o melhor desempenho da sua carreira. Numa etapa demolidora nas montanhas, foi ele quem criou as bases para o triunfo de Vingegaard, ao desmontar por completo Pogacar com uma exibição de força, tática e sacrifício.
"Foi um dia verdadeiramente especial na minha vida. Ainda gosto de rever essas imagens", confessou Van Aert ao
HLN, não escondendo o sorriso ao recordar os momentos de glória. "Acho que até o próprio Pogacar ainda não esqueceu a brutalidade daquele dia. E eu também não, as minhas pernas doeram durante muito tempo depois daquele esforço."
Wout van Aert selou a vitória de Jonas Vingegaard na Volta a França 2022 em Hautacam
Com o Hautacam de novo no percurso, surge a pergunta inevitável: poderá Van Aert repetir um papel tão influente? Dentro da estrutura da
Team Visma | Lease a Bike, o plano parece seguir a mesma linha de 2022. Um membro da equipa confidenciou à imprensa belga que o foco não está em vitórias de etapa, mas sim em minar a resistência de Pogacar a longo prazo. "As pessoas acham que é uma tática de merda. Perguntam-se o que estamos a fazer, andamos a todo o gás o dia todo e depois o Pogacar ganha na mesma. Mas nós não estamos a correr atrás de etapas. Queremos desgastá-lo, dia após dia, subida após subida, para podermos atacá-lo na terceira semana", revelou o insider da Visma ao HLN.
Esta estratégia, intensificar o esforço coletivo para enfraquecer gradualmente o rival esloveno, já foi testada com sucesso no passado. Em 2022, resultou num Pogacar vulnerável em Hautacam. Agora, com Vingegaard ainda a recuperar ritmo competitivo e depois de Pogacar ter sofrido uma queda na etapa de ontem, a aposta volta a recair sobre o desgaste progressivo como arma principal.
Na Visma há confiança, e há também leitura tática apurada. "Os ciclistas têm hábitos. E nós vamos aprendendo os hábitos dos nossos rivais. Quando eles começam a fazer as coisas de forma diferente, é porque algo não está bem."
Com tudo em aberto na luta pela geral e a estrada a inclinar fortemente nas rampas finais, Hautacam volta a prometer espetáculo. E talvez, para Wout van Aert, uma nova oportunidade para inscrever o seu nome num capítulo decisivo da Volta a França.