A época masculina de ciclocrosse, até agora, tem nome e apelido:
Thibau Nys. Embora haja mais vencedores, como Toon Aerts (campeão da Europa), a consistência do jovem belga, somada às suas duas vitórias, está a catapultá-lo para a ribalta. E fá-lo numa disciplina que ainda aguarda os regressos de Mathieu van der Poel e Wout van Aert.
Num outono em que os resultados falam por si, triunfos no Koppenberg e em Hamme, prata no Europeu, top-15 em Lokeren e um sólido sétimo em Merksplas, Thibau Nys avança a um ritmo que, para muitos, roça a perfeição. Para ele, porém, nunca chega. E é aí que entra o seu pai e diretor desportivo,
Sven Nys.
A tensão antes da partida em Hamme tinha explicação. No dia anterior, em Merksplas, a areia foi demais para ele. Sven explicou-o sem rodeios em entrevista ao
Wielerflits:
"Acho que ele também fez uma corrida bastante boa lá, mas tecnicamente, na parte de corrida a pé, as coisas descarrilaram um pouco. Fisicamente, tem estado bem nas últimas semanas, mas quando tudo está tão próximo, decide-se nos detalhes. Em Hamme, tudo encaixou", começou por dizer.
Essas malditas caixas de areia
Um contraste gritante com Merksplas, onde Nys foi apenas sétimo após múltiplos erros e quebras na última volta: "Foram sobretudo as secções de areia", tranquiliza Sven. "Sabemos que há dias em que ele lida pior com elas. Em Merksplas, foi uma confusão quase em cada volta. Isso acumula-se e, a certa altura, também começa a afetá-lo mentalmente."
A receita para corrigir é pública: experiência destilada.
Sven recorda as suas épocas dominantes: "Quantas dessas corridas achas que eu tive uma sensação realmente incrível? Três ou quatro, no máximo. Sabemos que a areia é o seu ponto fraco… Há claramente margem para melhorar, mas não é nenhum drama."
Thibau Nys é uma das estrelas da temporada 2025/26 de ciclocrosse
O fator diferenciador de Thibau Nys
Se há algo que distingue Thibau, é a sua capacidade de olhar para si com uma lupa:
"É típico do Thibau. Está sempre a tentar dissecar as corridas ao detalhe… É muito exigente consigo próprio. Mas, por outro lado, é o caminho certo. O Thibau é um verdadeiro vencedor", continuou Sven Nys.
Parte das sensações irregulares também se explica pela recente carga de treino: mais quilómetros, mais fadiga, menos frescura. Algo que só se corrige com descanso. Por isso, Sven já olha para a Taça do Mundo de Tabor com otimismo: "Para a semana terá mais tempo para recuperar, por isso tenho expectativas altas… É um circuito que lhe assenta como uma luva."
No geral, o balanço é claro: "Acho que o Thibau ficou mais estável… continua a lutar pelo pódio todos os fins de semana. Tem uma base sólida. E se consegue ganhar uma corrida de ciclocrosse mesmo sem se sentir no ponto, isso é um excelente prenúncio para o resto da época", concluiu.