"Foi mesmo no limite" - Vanthourenhout vence Nieuwenhuis e ganha a primeira corrida do Troféu Superprestige

Michael Vanthourenhout começou da melhor forma a nova temporada de Superprestige, ao triunfar este domingo na ronda inaugural disputada em Ruddervoorde. O campeão belga bateu Joris Nieuwenhuis por escassos metros num sprint intenso, conquistando a segunda vitória da época, depois do sucesso na Taça Suíça de Ciclocrosse #1 - Internationales Radquer Steinmaur, a 12 de outubro.

“Foi mesmo no limite, ou talvez mais”, confessou um esgotado Vanthourenhout à WielerFlits. “Mas quando se ganha, é sempre bom.”

A vitória teve um sabor especial para o belga, que nunca tinha vencido em Ruddervoorde, uma corrida com significado pessoal. “Sempre foi uma prova que gosto de fazer. Fica apenas a dez quilómetros da casa dos meus pais, por isso é ótimo finalmente riscá-la da lista.”

A corrida foi tudo menos previsível. Em condições pesadas e com piso irregular, Nieuwenhuis mostrou-se o mais agressivo nas voltas intermédias, impondo um ritmo elevado que obrigou Vanthourenhout a trabalhar duro para o alcançar. “Pensei que ele estava a andar muito rápido”, explicou o belga. “Tivemos de trabalhar com três ou quatro ciclistas para reduzir a diferença. Acho que o Joran (Wyseure) foi o único a fechar o espaço final. Depois percebi que tudo se iria decidir na última volta. Era crucial ser o primeiro ou segundo a sair da caixa de areia.”

A oportunidade surgiu precisamente nessa secção decisiva do circuito. “Pensei que o Joris tinha desmontado demasiado cedo e estava a subir lentamente a areia. Decidi tentar passá-lo antes das barreiras. A partir daí, foi tudo ou nada.”

A manobra resultou: Vanthourenhout ultrapassou o neerlandês e defendeu a posição até à meta, garantindo um triunfo suado, mas merecido.

Apesar da derrota, Joris Nieuwenhuis saiu satisfeito com o desempenho. O ciclista da Ridley Racing Team mostrou-se fiel ao plano delineado com o diretor desportivo Richard Groenendaal. “Fiz exatamente o que queria fazer: correr. O Richard não gostou de ver toda a gente a marcar-se e disse-me: ‘Quero que ataques uma vez, a sério’. E tentei fazer isso.”

O neerlandês descreveu uma corrida tensa e extenuante, onde a resistência foi decisiva. “Achei que, se conseguisse uma folga, os outros hesitariam atrás. Mas continuaram a puxar com força. Quando me apanharam, pensei que me iam ultrapassar, mas eles também estavam cansados. Foi uma corrida dura do início ao fim.”

Na zona de areia, onde perdeu a dianteira, Nieuwenhuis admitiu ter chegado ao limite. “Já tinha dado muito. Quando entrei na areia, estava praticamente no vermelho. Ainda tentei manter-me na roda dele, mas não consegui recuperar. Estava tudo decidido.”

Com esta vitória, Michael Vanthourenhout confirma o bom início de época e reforça a candidatura a mais um título no Superprestige. O campeão belga mostrou a habitual consistência em terrenos técnicos e pesados, onde a resistência e a leitura de corrida são decisivas.

O seu triunfo em Ruddervoorde não foi apenas uma vitória de força, mas também de inteligência, uma demonstração de frieza num terreno que já se revelou traiçoeiro para muitos.