"A 19ª etapa vai lembrar as façanhas de Marco Pantani" - Vincenzo Nibali agradado com o percurso da Volta a Itália e com expectativas de um duelo Vingegaard-Del Toro pela camisola rosa

Vincenzo Nibali nunca escondeu o que torna a Volta a Itália especial, mas a apresentação do percurso de 2026 mexeu claramente com algo mais profundo no ícone do Grande Tour italiano.

Em declarações ao Tutto Bici Web, o bicampeão da Corsa Rosa afirmou que o novo desenho prepara uma última semana decisiva e até traz ecos de Marco Pantani, sobretudo a 19ª etapa até Alleghe, que acredita poder remodelar toda a corrida.

Nibali deseja também que a próxima edição ofereça um duelo geracional entre o líder da Team Visma | Lease a Bike, Jonas Vingegaard, e a revelação da UAE Team Emirates - XRG, Isaac Del Toro, batalha para a qual sente que as estradas italianas, e este percurso, são perfeitas.

Sem rodeios, Nibali sublinhou que a terceira semana está carregada de montanha capaz de decidir tudo. “O percurso, como sempre, está muito bom e na semana final haverá chegadas em alto muito importantes”.

Esse crescendo, enfatizou, gira em torno de dois dias seguidos na alta montanha: Alleghe na 19ª etapa, seguida de Piancavallo.

“Será um crescendo de grandes emoções com a chegada a Alleghe, que pode fazer a diferença. Mas, se tenho de dar uma opinião, a etapa de Gemona del Friuli a Piancavallo vai recordar-nos as façanhas de Marco Pantani e pode baralhar a classificação. Será um dia em que os homens da geral terão de jogar todas as cartas”.

Nibali destacou ainda Aosta–Pila, um dia com 4000 metros de desnível, como outro ponto crítico onde as equipas, mais do que os indivíduos, podem ditar quem resiste. “Aosta-Pila tem 4000 metros de acumulado e será importante ter a equipa por perto. Haverá etapas explosivas, com grande seleção”.

Nibali, um dos sete ciclistas na história a vencer as três Grandes Voltas, admitiu que espera ver no Giro mais um corredor a juntar-se a esse clube restrito. “Claro que o Vingegaard é fortíssimo. Acabou de vencer a Volta a Espanha e, se ganhasse o Giro, acrescentaria certamente mais um grande resultado. Li que quer vir e espero que venha mesmo”.

Mas não foi só o dinamarquês a inspirar a sua imaginação. Nibali falou com entusiasmo sobre o fenómeno mais recente do pelotão, Isaac Del Toro. “Seria também fantástico ver um jovem como o Del Toro, que está a mostrar uma progressão incrível”.

Um duelo Vingegaard–Del Toro pela maglia rosa seria o enredo de sonho para a organização e Nibali praticamente subscreveu essa esperança.

A nova geração italiana também recebeu forte incentivo do siciliano, a começar por Giulio Pellizzari. “Há o Giulio Pellizzari, que acabou de fazer 22 anos. Corre por uma equipa grande e importante e, por isso, pode ter boas oportunidades”.

Acredita igualmente que Antonio Tiberi está pronto para reagir após um ano turbulento, ainda que o homem da Bahrain tenha aberto a porta a uma estreia na Volta a França. “Teve uma época difícil e não sei qual será o seu programa, mas penso que no próximo ano estará a caminho do regresso”.

E, entre os mais experientes, Nibali fez questão de destacar Giulio Ciccone, mas com um objetivo realista. “Conheço bem o Giulio e é um grande corredor. Sei que não quer apontar à classificação geral e penso que é a melhor decisão. Se conseguir vencer etapas, ficarei muito contente por ele”.

Com Alleghe e Piancavallo prontas para definir o enredo, e com a possibilidade de gigantes como Vingegaard alinharem ao lado da nova vaga italiana, Nibali acredita que a Corsa Rosa está a caminho de um ano vintage.