Mattia Cattaneo juntou-se a
Remco Evenepoel na
Red Bull - BORA - Hansgrohe, movimento que também aconteceu a pedido do campeão olímpico. O italiano de 35 anos está satisfeito com a mudança e com o contrato de três anos nesta fase da carreira, e seguirá Evenepoel para o Tour. Ainda assim, acredita que a Volta a Itália foi desenhada à sua medida.
“O meu contrato com a Quick-Step estava a terminar e, aos 35 anos, estava a considerar outras opções, financeiras e não só, porque estes são objetivamente os últimos anos da minha carreira”, contou Cattaneo à Bici.Pro. “Tinha três ou quatro propostas apelativas, financeiramente melhores do que aquilo que a equipa me queria oferecer”. Assim, a saída da formação belga, que a partir de 2026 colocará maior ênfase nas clássicas e nos sprints, parecia inevitável.
“Entretanto, o Remco decidiu vir para aqui. Ligou-me e disse ‘Se puderes, assina com a Red Bull, porque eu vou para lá’”. Cattaneo não hesitou, e com razão. No Tour deste ano, antes de ambos abandonarem, Cattaneo foi o homem que guiou Evenepoel nas etapas planas e onduladas de abertura. A sua importância foi evidente, e o seu perfil encaixa na perfeição com Evenepoel: muita experiência como gregário e um contrarrelogista muito forte, capaz de apoiar a ambição da equipa de vestir o amarelo no contrarrelógio coletivo que abrirá a corrida em Barcelona no próximo verão.
Cattaneo esteve 6 temporadas ao serviço da Quick-Step
E Cattaneo vê um Evenepoel diferente após a transferência e no novo ambiente da equipa alemã, talvez afastado da pressão constante na Bélgica. “Pode ser apenas uma sensação minha, mas é como se lhe tivessem tirado um peso de cima dos ombros. Como falo com ele todos os dias, noto que está mais calmo e confiante. São coisas que se percebem logo, se alguém está mais relaxado ou sob mais pressão”.
Ausência da Volta a Itália não foi fácil de digerir
Cattaneo caiu e abandonou o Tour na 7ª etapa, e Evenepoel deixou a corrida uma semana depois. Foi um duro golpe para a equipa, mas Cattaneo acredita que o colega terá beneficiado e aprendido com a desilusão. “Foi, sem dúvida, um golpe duro ter de sair do Tour daquela forma. Ao mesmo tempo, acho que lhe deu um choque positivo, algo como, ‘Tenho de mudar alguma coisa.’ Um wake-up call, no fundo. Pode não soar agradável, mas por vezes aprende-se com uma derrota, mesmo sendo um campeão”.
Ainda assim, se coubesse a ele definir o calendário da equipa para esta época, teria feito diferente. “Quando vi a Volta a Itália, a primeira coisa que fiz foi ligar-lhe. Disse ‘olha, deram-te um contrarrelógio de quarenta quilómetros; essa é uma corrida para ti’”.
Mas Evenepoel e a equipa optaram por outro caminho: calendário mais curto, foco nas provas por etapas no início do ano, Ardenas e
Volta a França. Evenepoel quer poucos objetivos e muito específicos.
“Também é claro que foi feito um investimento enorme nele. Para a Red Bull e para a equipa, o Tour é extremamente importante e, quando se faz um investimento destes, é normal concentrar-se nisso antes de mais”, compreende Cattaneo. “
Mas aquela Volta a Itália… era, claro, perfeita para ele”.