Falta apenas uma semana para o arranque da
Volta a Espanha 2025 e a expectativa cresce a cada dia. O calor também vai subindo, mas o percurso deste ano oferece algum alívio. Com a corrida centrada no norte de Espanha, o pelotão escapa às temperaturas sufocantes do sul, que marcaram a edição anterior. Ainda assim, esperam-se condições exigentes, já que o clima e o terreno não deixarão de complicar a vida dos candidatos.
Embora muitas formações ainda não tenham oficializado os seus plantéis completos, as listas provisórias já revelam nomes de peso. Entre eles, dois latino-americanos surgem como referências para a luta pela geral.
Richard Carapaz e
Egan Bernal apresentam-se com ambições sérias de pódio, ambos com currículo para marcar a corrida. O equatoriano da
EF Education-EasyPost foi terceiro na
Volta a Itália, enquanto Bernal continua a ser a principal aposta da
INEOS Grenadiers.
Carapaz em busca de afirmação
A preparação de Carapaz rumo à Vuelta não foi simples. O início da época trouxe sucessivas desilusões: abandono na Etoile de Bessèges - Tour du Gard, 25º lugar no Classic Var e apenas nono no Tour des Alpes Maritimes. Em provas que, teoricamente, favoreciam o seu perfil, como a Strade Bianche e a Tirreno-Adriatico, passou despercebido, fechando em 18º no Tirreno.
A sequência manteve-se na Milão-Turim, com um 16º lugar, e na Volta à Catalunha, onde terminou em 10º da geral. Aos 32 anos, Carapaz chegava ao Giro rodeado de dúvidas. Contudo, a corrida italiana transformou a sua temporada. Ao longo de três semanas, foi crescendo em consistência, conquistando uma etapa e mostrando-se como o trepador mais sólido do pelotão na terceira semana.
Ainda assim, erros estratégicos e a falta de cooperação com Isaac del Toro custaram-lhe caro. Foi Simon Yates quem acabou por erguer o Troféu Sinza Firenze, relegando o equatoriano ao terceiro posto. Desde então, não voltou a competir, o que significa que enfrentará a Vuelta sem ritmo de corrida acumulado.
O regresso de Bernal
Bernal trilhou um caminho distinto. O colombiano abriu 2025 em alta ao conquistar os campeonatos nacionais, tanto no contrarrelógio como na prova de fundo, algo inédito desde 2004 no seu país. Esse feito devolveu-lhe confiança e marcou o arranque ideal da época.
A estreia com as cores da INEOS deu-se na Clássica Jaén, mas terminou com abandono. Seguiu depois para a Volta à Catalunha, onde deu sinais de recuperação ao concluir em sétimo. Apenas Roglic, Ayuso, Mas, Landa, Martinez e De Plus ficaram à sua frente, prova de que o nível competitivo está a regressar.
No Giro voltou a assinar um sétimo lugar, mas sobretudo confirmou evolução. Foi o seu melhor resultado numa Grande Volta desde a Vuelta de 2021, quando ficou em sexto. Por duas vezes esteve perto da vitória de etapa, alcançando um terceiro e um quinto lugar em jornadas de montanha, sinal de que volta a ser competitivo em terrenos decisivos.
A sua última corrida de preparação foi a
Volta a Burgos, único compromisso entre o Giro e a Vuelta. Terminou em sexto na etapa rainha, em Lagunas de Neila, e repetiu a posição na geral. À sua frente ficaram Del Toro, Fortunato, Bisiaux, Pellizzari e Ciccone, mas Bernal demonstrou capacidade para lutar entre os melhores.
Dois nomes a seguir
Com a Volta a Espanha 2025 à porta, Carapaz e Bernal surgem como as maiores esperanças latino-americanas. Ambos têm condições para terminar no top-10 em Madrid, e cada um deles poderá ainda disputar etapas de montanha.
O equatoriano traz a confiança do pódio no Giro, mas sem o ritmo competitivo recente. O colombiano chega com moral elevado após Burgos e convicto de que pode resistir três semanas ao mais alto nível. Se nada fugir ao esperado, ambos estarão na linha da frente da classificação geral, prontos para desafiar os grandes favoritos Jonas Vingegaard e João Almeida, carregando as cores dos seus países na última Grande Volta da temporada.