Antes do épico regresso à estrada, Pauline Ferrand-Prevot travou uma batalha de anos contra uma lesão por diagnosticar: “Ninguém conseguia encontrar a causa…”

Ciclismo
domingo, 28 dezembro 2025 a 15:00
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As lesões mais pequenas podem ditar desastres no ciclismo profissional, um desporto em que as corridas se decidem por segundos. Uma lesão por diagnosticar pode ser devastadora para a carreira, e foi o que aconteceu a Pauline Ferrand-Prévot. Apesar de ser uma das melhores do ciclismo moderno, a veterana teve várias épocas condicionadas por algo que não compreendia.
Em 2017 e 2018 lidou com endofibrose, o estreitamento de uma artéria ilíaca, uma lesão cada vez mais comum entre ciclistas profissionais. Foi operada duas vezes, no início e no fim de 2019, momento-chave na sua carreira, ainda que fora da bicicleta. “Sempre que tinha de ultrapassar os 70 por cento do meu esforço máximo, sentia uma ‘perna morta’, como se algo me pressionasse a coxa e o pé”, contou ao L'Équipe. “Durante esses quatro anos visitei inúmeros médicos e fiz muitos tratamentos, mas nenhum resultou verdadeiramente”.
Em 2014/2015 foi, por um breve período, campeã do mundo em simultâneo de estrada, ciclocrosse e BTT. Em 2016 recuou na estrada, e o rendimento começou também a cair. Só após a primeira cirurgia, em 2019, voltou ao seu melhor nível, conquistando o título mundial de BTT, que defenderia com sucesso no ano seguinte.
Pauline Ferrand-Prévot em BTT com as cores de França
Pauline Ferrand-Prévot em BTT com as cores de França

Uma batalha psicológica até ao diagnóstico

O treinador da francesa, Barry Austin, não sabia à época qual era o problema, mas acreditava que era físico. Nem todos à sua volta pensavam o mesmo. “Como ninguém encontrava a causa, concluíram que devia ser psicológico”, explica. “Eu disse-lhe: ‘Acredito em ti’. No fim, encontrámos a origem consultando médicos que não eram especialistas em ciclismo. Fui a médicos de outras modalidades, porque têm uma perspetiva mais aberta”.
Essa abordagem acabou por ser a solução e salvou-lhe a carreira. Venceu quatro vezes os Mundiais de BTT, conquistou a prova dos Jogos Olímpicos em Paris, tornou-se campeã do mundo de Gravel e, em 2025, regressou em grande à estrada ao vencer o Paris-Roubaix Feminino e a Volta a França Feminina, devolvendo glória à França.
“No ciclismo, quando várias pessoas dizem o mesmo, assume-se rapidamente que essa é a explicação. Mas quando conhecemos este médico, antigo jogador de râguebi, ele agiu como se nada soubesse de ciclismo. Focou-se na lesão, ouviu a atleta e delineou um plano. Tivemos uma sorte incrível”, concluiu Austin.
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