Joxean Fernandez Matxin faz o balanço de um 2025 excecional para a
UAE Team Emirates - XRG, uma época que classifica como de “alta distinção”, ainda que ligeiramente aquém do irrepreensível. O dirigente admite que a perfeição não existe e que “deixámos escapar algumas vitórias”, mas sublinha que a equipa apresentou números históricos.
“Vencemos 17 voltas por etapas, com 20 corredores diferentes e 41.000 pontos, que é o recorde absoluto.” Três épocas consecutivas como melhor equipa do mundo reforçam uma certeza: “É algo de que devemos estar muito satisfeitos”,
disse em entrevista ao MARCA.
Para lá dos números, um dos grandes desafios é gerir um plantel carregado de talento. Matxin insiste que a chave está na comunicação e na definição clara de papéis. “Há sempre uma comunicação muito clara com cada ciclista, e é-lhes explicado onde terão espaço a nível individual e onde terão de trabalhar mais para o coletivo.” Com funções bem definidas, nota, “não surgem mal-entendidos”.
Uma das decisões mais discutidas para o novo ano foi
a estreia de Isaac del Toro na Volta a França. Matxin explica que a escolha foi ponderada e acordada com o corredor. “Estava ligeiramente mais atraído pela ideia de experimentar o Tour, e fazê-lo sem pressão, com o foco no Pogacar.” A ideia é simples. “É a melhor forma de correr o Tour sem que lhe exijam nada, porque está lá essencialmente para aprender.”
A interrogação sobre Pogacar e a Vuelta
O calendário de
Tadej Pogacar continua a gerar expectativa, sobretudo em torno da Volta a Espanha. A direção da equipa prefere a prudência. “Não queremos criar expectativas se não soubermos realmente como está o Pogacar.” A decisão, reforça Matxin, será tomada mais tarde, sempre com respeito pela corrida.
Na construção do calendário, a UAE avalia diferentes alternativas em função dos objetivos. Matxin reconhece que “se não se faz o Giro, abre-se a oportunidade de correr a Romandia e a Suiça”, duas provas que a equipa ainda não venceu. Quanto aos rivais, é taxativo. “Não podemos construir o nosso calendário em função do calendário dos outros. Temos de construir aquele que melhor serve os nossos interesses.”
O mercado não foi movimentado em quantidade, mas sim em qualidade. Matxin acredita que “Vanmaerke vai fazer uma época excecional”, vê em Cosnefroy uma aposta segura para as clássicas e pede a Pericas que mantenha “essa ambição de vencer e essa inteligência em corrida”.
Vitórias, números e ambição controlada
O debate sobre chegar às 100 vitórias não obceca a equipa. “100 não passa de um número”, resume Matxin, lembrando que em 2025 foram alcançados 97 triunfos e que o verdadeiro objetivo é “tentar melhorar, nem que seja por mais uma do que no ano passado”.
Sobre reformas precoces por motivos de saúde mental, Matxin não acredita que se tornem uma tendência generalizada. Entende que os jovens são hoje “mais conscientes do que querem e do que não querem”, graças a melhor informação, embora reconheça que cada caso exige uma análise individual.
A olhar para a nova época, a mensagem é clara: não abrandar. “Se o conseguimos, é porque somos capazes, e se continuarmos a trabalhar com a mesma mentalidade, podemos superar.” Para lá de Pogacar, Matxin destaca a força do grupo. “A UAE é uma equipa sólida e quem chega cresce.” Esse equilíbrio coletivo, conclui, é aquilo de que se sente “mais orgulhoso”.