Apesar de uma
Volta a França 2025 relativamente calma e, até ao momento, algo dececionante para a
INEOS Grenadiers, uma revelação de última hora ameaça mergulhar a estrutura britânica em pleno tumulto. Segundo uma investigação publicada pelo Irish Independent, David Rozman, atual chefe da equipa de cuidadores da INEOS, terá mantido ligações preocupantes com o médico Mark Schmidt, figura central do escândalo de
doping conhecido como Operação Aderlass.
O Dr. Schmidt foi condenado em 2020 por ter liderado uma rede internacional de dopagem, admitindo que dopava atletas desde 2012. A bomba lançada agora pelo jornal irlandês revela que Rozman, na altura ligado ao ciclismo profissional como massagista e fisioterapeuta, trocou mensagens com Schmidt nesse mesmo ano. Numa dessas mensagens, Rozman terá perguntado explicitamente se Schmidt tinha “o material utilizado na Milram”, uma referência à antiga equipa alemã que esteve envolvida em casos de doping em 2007.
Mais grave ainda é o alegado encontro presencial entre os dois durante a Volta a França de 2012, precisamente na véspera da emblemática vitória de Chris Froome na Planche des Belles Filles, enquanto Bradley Wiggins consolidava a sua caminhada para o triunfo final e para a conquista histórica da primeira Camisola Amarela britânica.
A ser confirmada, esta ligação entre Rozman e Schmidt lançaria sérias dúvidas sobre o passado de bastidores da INEOS (antiga Team Sky), equipa que sempre promoveu uma imagem de "zero tolerância" em relação ao doping e que durante anos se afirmou como bastião de transparência e renovação ética no pelotão internacional.
O L’Équipe tentou obter declarações da equipa britânica após a publicação da notícia, mas a INEOS Grenadiers recusou-se a comentar oficialmente. O jornal francês observou ainda um detalhe inquietante: David Rozman, que esteve presente no início do Tour deste ano, terá deixado de ser visto junto da equipa desde a passada segunda-feira. Acresce que as redes sociais de Chris Froome (que mantem uma relação histórica com Rozman, seu antigo homem de confiança durante os anos dourados da Sky) foram silenciosamente editadas. Mensagens antigas que mencionavam Rozman desapareceram.
Neste momento, o ambiente no seio da INEOS é de total silêncio. Numa corrida onde a equipa já vinha a demonstrar pouca presença no terreno desportivo, este escândalo extradesportivo poderá representar um duro golpe reputacional, não apenas para a sua atual estrutura mas também para o legado que a formação construiu desde 2010.
Com o escândalo Aderlass ainda muito vivo na memória do ciclismo europeu, e com a sombra de Mark Schmidt a voltar a pairar sobre o pelotão, a dúvida instala-se: o que mais poderá vir a público nos próximos dias? E como reagirão os organismos oficiais e os patrocinadores a esta potencial bomba-relógio no coração do ciclismo britânico?
Atualização:
Apesar da INEOS ter permanecido silenciosa neste tema, evitando quaisquer tipo de questões, a equipa lançou agora um comunicado. Conforme revelado pelo jornalista Daniel Friebe, a INEOS diz o seguinte: "A INEOS Grenadiers Cycling Team está a par das acusações relativas a um membro do nosso staff, datadas de 2012. As acusações não foram até ao momento apresentadas à equipa por nenhuma entidade competente, mas ainda assim a equipa efetuou um pedido formal à Agencia Internacional de Análises (ITA) para analisar qualquer informação que considere relevante. A equipa reforça a sua política de tolerância zero para qualquer violação dos códigos da WADA, quer sejam atuais ou antigas".
Friebe também realça que este comunicado é algo surpreendente: "Eles não comentavam e davam a entender que não iriamos ter nenhum comunicado, mas aqui está ele", termina.