A 13ª etapa da
Volta a Espanha 2025 será recordada como o primeiro grande exame absoluto para os candidatos à vitória final. Depois de mais de 200 quilómetros no terreno das Astúrias, o pelotão vai encarar o Alto de l’Angliru, uma subida que transcende a condição de montanha e se tornou um ícone temido do ciclismo mundial. São 12,4 quilómetros a quase 10% de média, com rampas que chegam aos 24% na Cueña les Cabres, uma parede onde até os trepadores de elite parecem arrastar-se.
No centro das atenções está
Jonas Vingegaard, dono da camisola vermelha e já vencedor de duas etapas nesta edição. O dinamarquês sabe que este pode ser o dia em que consolida a sua liderança de forma definitiva. "Gostava de ganhar para o meu filho e para a minha filha", disse ao Sporza. "Não é que tenha de a ganhar, mas gostaria de a vencer para homenagear a minha família".
Um regresso com contas a ajustar
O Angliru não é terreno desconhecido para Vingegaard. A última vez que enfrentou as suas rampas foi em 2023, quando respondeu a Primoz Roglic, que atacou o então camisola vermelha e colega de equipa Sepp Kuss, numa das etapas mais polémicas dessa edição. Roglic venceu, Vingegaard seguiu-lhe a roda, mas a memória ficou marcada pela disputa interna dentro da Visma. Agora, dois anos depois, o dinamarquês regressa com estatuto de líder único e responsabilidade total.
O peso da história
Poucos locais carregam tanta mística. José María “Chava” Jiménez inaugurou a lenda em 1999, Roberto Heras estabeleceu o recorde absoluto em 2000 (41’55’’), e Alberto Contador selou ali a sua despedida triunfal em 2017. O britânico Hugh Carthy surpreendeu em 2020, enquanto Roglic e Vingegaard dividiram as honras em 2023. O Angliru é um altar onde os grandes nomes se imortalizam, mas também um cemitério de ilusões. Muitos especialistas, antigos e atuais ciclistas descreveram esta subida como uma das mais brutais do desporto, talvez pior do que outras como o Alpe d'Huez e o Mont Ventoux.
Rivais na sombra do colosso
Os rivais sabem que para o ultrapassar será necessário algo de extraordinário.
João Almeida, que ocupa o segundo lugar da geral, foi sincero quanto às suas hipóteses. "Ganhar? Terás de vencer o Jonas", disse. "Vai ser uma tarefa difícil. Espero ter boas pernas".
Mais imprevisível é
Tom Pidcock, atual terceiro. O britânico já testou o dinamarquês há dois dias, mostrando explosividade. "Não é divertido subir, mas penso que me convém", continuou dizendo "As secções íngremes são mais adequadas para mim do que as subidas moderadas que já tivemos. Vai ser muito duro, mas também é uma questão de tempo", disse. Para Pidcock, este pode ser o palco perfeito para arriscar tudo.
O teste absoluto
O Angliru é uma relação de amor e ódio. "É uma subida especial, mas também é brutal", confessou Vingegaard. "A chave é encontrar o momento certo: saber quando esperar e quando atacar". As diferenças podem explodir, e o pódio da Vuelta pode ficar praticamente definido esta tarde.
Hoje não haverá esconderijos. As encostas asturianas vão obrigar cada candidato a mostrar o que realmente vale. Para Vingegaard, vencer aqui seria mais do que reforçar a camisola vermelha: seria gravar o seu nome ao lado de Heras, Contador e Roglic no livro de ouro do Angliru.
A questão que resta é simples: será que alguém conseguirá destronar o dinamarquês no terreno onde ele mais quer triunfar?