Ciclista da XDS Astana ficou chocado com as reações à sua reforma com apenas 27 anos de idade

Em setembro passado, Ide Schelling apanhou o pelotão totalmente desprevenido ao anunciar o fim da carreira. Com apenas 27 anos, o holandês da XDS Astana Team decidiu pôr termo à vida competitiva, muito antes do que qualquer um esperaria para um ciclista de clássicas com o seu talento e margem de evolução.

Sempre que um ciclista se retira tão cedo, é natural que surjam reações de surpresa e interrogações sobre os motivos. Porém, segundo contou numa entrevista à revista RIDE, o próprio Schelling ficou admirado com o modo como a notícia foi recebida e com a compreensão generalizada que encontrou.

“Não tive nenhuma reação negativa; não estava à espera. Pensei que as pessoas iriam perguntar o que estava a fazer agora, que eu tinha enlouquecido. Mas não fiquei surpreendido. Também recebi reações do pelotão, reações de compreensão. Não sou o único a sentir me assim. Mesmo assim, continua a ser uma decisão muito importante para mim”, explicou.

“Compreendo que os outros pensem que estou a ir contra a corrente. Recebi muitas mensagens simpáticas, mesmo de pessoas com quem não falo há muito tempo, antigos dirigentes e treinadores de equipas”, acrescentou o ex-profissional, sublinhando que o apoio ultrapassou largamente as expectativas.

Entre as mensagens que mais o marcaram esteve a do antigo treinador, Henrik Werner, que recuperou uma memória da Volta a França de 2021. “O meu antigo treinador enviou me uma fotografia antiga da terceira etapa da Volta a França de 2021. Eu tinha marcado mais um ponto de montanha e depois ia sair do pelotão. Tive de esperar quatro minutos e depois fui à casa de banho com as pessoas que estavam no carro. Estava ao lado do chefe de equipa e do mecânico. Nunca tinha visto essa fotografia, mas achei a engraçada. Trouxe me muitas recordações. O Henrik adorou”, contou Schelling.

O momento serviu como símbolo de uma ligação construída ao longo dos anos e que, mesmo após a retirada, continua a acompanhá lo. Para Schelling, a passagem pelo pelotão deixou laços que vão muito além das vitórias.

No fecho da entrevista, foi direto quanto ao modo como gostaria de ser recordado pelos adeptos. “Sendo eu próprio. Penso que tenho sido um bom complemento para o pelotão e continuo a sê lo. As pessoas vão lembrar se de mim assim. Isso não me preocupa muito, porque sinto que tudo está a correr bem.”

Ide Schelling deixa o ciclismo com três vitórias como profissional: uma etapa da Volta ao País Basco 2023, uma etapa da Volta à Eslovénia 2023 e o GP des Kantons Aargau 2021. Uma carreira relativamente curta, mas que deixou marca entre colegas, treinadores e adeptos pela sua autenticidade e espírito combativo.