Ide Schelling decidiu colocar um ponto final na sua carreira profissional com apenas 27 anos. O ciclista neerlandês, atualmente na
XDS Astana Team e anteriormente na BORA, revelou a decisão no podcast De Grote Plaat. A sua última corrida será a Volta à Holanda, em outubro, começando precisamente em Haia, a sua cidade natal, com um prólogo.
"Estou aqui para anunciar que me vou reformar como ciclista WorldTour. Já não estou tão apaixonado pelo mundo e pela vida como estava antes", afirmou Schelling. "Para mim, esta é uma decisão muito normal e lógica".
Um pelotão em mudança
O neerlandês explicou como a evolução do ciclismo profissional influenciou a sua escolha. "Muita coisa mudou no pelotão desde que me tornei profissional em 2020. Todas essas mudanças também significaram que o nível geral aumentou tanto que, por vezes, sinto que já não consigo competir".
Apesar de ter vivido momentos de destaque, incluindo uma vitória de etapa na Volta ao País Basco em 2023, Schelling confessou sentir-se em desvantagem perante o ritmo atual. "Não tenho um motor particularmente grande, sei isso de mim próprio. Mas hoje em dia é preciso um motor enorme para competir num final. As corridas são rápidas do princípio ao fim. Sinto que já não estou realmente a competir, e isso é importante para mim".
Vitória de Schelling numa etapa da Volta ao País Basco, ainda nos tempos da BORA, em 2023
A participação na Vuelta de 2024 foi outro ponto de viragem. "Fiz algumas prestações fantásticas para os meus padrões, mas acabei por ficar sempre fora do top-15", recorda. "A partir daí ficou claro: não queria fazer isto durante os próximos cinco a dez anos".
O peso da dedicação total
Outro fator decisivo foi a exigência quase absoluta da vida de ciclista profissional. "O facto de se ter de dedicar tanto tempo ao ciclismo torna quase impossível conciliá-lo com uma vida fora dele", explicou. "Gosto de muitas coisas para além da bicicleta. Se só tiver algumas semanas por ano para me dedicar a isso, pessoalmente acho que não é suficiente".
Olhando para o futuro, Schelling revelou os seus planos: "Adoraria aprender jardinagem, criar hortas, talvez até plantar uma floresta de alimentos. Espero continuar a pedalar, mas talvez apenas metade do ano em vez de onze meses. Uma boa mistura de estrada e gravel, por exemplo".
Uma carreira além das expectativas
Reflectindo sobre o seu percurso, o neerlandês sente que superou o que esperava de si. "Quando me tornei profissional, não pensei necessariamente que iria ganhar corridas ou ser um grande ciclista. Perguntei-me até se alguma vez chegaria ao Tour. Mas isso aconteceu um ano depois, com um papel de protagonista logo na primeira semana. Foi realmente muito, muito especial".