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UAE Team Emirates - XRG tem controlado a
Volta a França com mão de ferro, recorrendo frequentemente ao trabalho incansável do seu rolador alemão,
Nils Politt, nas longas horas na frente do pelotão. No entanto, o ciclista tem sido alvo de críticas, sobretudo pelo seu comportamento durante tentativas de fuga e, mais recentemente, pela perseguição direta a um ciclista específico na 16ª etapa, rumo ao Mont Ventoux.
Politt foi fortemente visado nas redes sociais devido à forma agressiva como tem anulado movimentos no pelotão, e mesmo no seio do grupo de corredores e diretores desportivos têm surgido vozes a condenar a sua atitude.
Thomas Voeckler foi um dos primeiros a apontar o dedo, e Jean-René Bernaudeau, diretor-geral da
TotalEnergies, não hesitou em subscrever as palavras do antigo ciclista e atual comentador da televisão francesa.
"Concordo plenamente com o Thomas. Há uma espécie de casta, os grandes querem esmagar os pequenos",
afirmou Bernaudeau à RMC, referindo-se ao papel assumido por Politt na equipa liderada por
Tadej Pogacar.
O momento que desencadeou particular indignação aconteceu quando Politt decidiu perseguir Alexandre Delettre, da TotalEnergies, que se tinha lançado num ataque solitário durante a etapa 16. A manobra surpreendeu e revoltou a estrutura da equipa francesa, que viu nela um gesto de arrogância e desrespeito.
"Temos de o denunciar. Todos são livres, não temos a mesma camisola. Não defendemos os mesmos interesses. Se há um pouco de elegância... O que é importante hoje é que a bicicleta está a andar bem. Não aceito isso. É indecente. Além disso, é filmado", protestou Bernaudeau, visivelmente irritado. "No meu caso, isso nunca aconteceria. É má educação, para não falar de Pogacar. Um bom líder, sorridente, que vem para ganhar a Volta. Vivi isso com Bernard Hinault. Estávamos à volta dele para proteger o nosso líder. Eles são arrogantes com aqueles que querem viver de forma simples. Confio no seu diretor para pôr as coisas no lugar".
Confrontado com a polémica, Politt respondeu esta manhã às críticas que têm ecoado tanto no pelotão como na Internet. Em declarações ao Sporza, explicou que algumas das suas ações surgiram num momento específico e sensível da corrida.
"Não foi nada de especial. Queríamos controlar a corrida e uma fuga desapareceu com 1'20", começou por dizer. Segundo Politt, os ataques surgiram numa altura em que vários ciclistas, incluindo o camisola amarela, tinham parado por motivos fisiológicos. "Ele é o camisola amarela e, depois dele, metade do pelotão parou. Eu e o Tadej fomos os primeiros ciclistas a regressar, mas depois começaram a atacar novamente. Mas ainda havia 30 a 40 ciclistas na retaguarda".
Visivelmente incomodado com a controvérsia, o especialista em clássicas deixou uma resposta irónica às acusações de que foi alvo: "Sempre me ensinaram que é tranquilo quando o camisola amarela pára para fazer xixi e ninguém o ataca. Mas, pelos vistos, ainda temos de aprender a nova regra".