Criticas à falta de transparência na fusão entre Intermarché e a Lotto "Não devia ser a CPA a dar este tipo de notícias"

Ciclismo
sábado, 18 outubro 2025 a 12:42
De Lie
A fusão entre a Intermarché - Wanty e a Lotto vai unir duas equipas do World Tour em 2026, mas o processo está longe de ser pacífico. O que deveria ser um passo estratégico para garantir estabilidade e competitividade transformou-se num cenário de incerteza e tensão, com vários ciclistas e funcionáriosde ambas as equipas a desconhecerem o que o futuro lhes reserva.
O presidente da associação internacional de ciclistas (CPA), Adam Hansen, manifestou forte descontentamento com a forma como a situação foi gerida, revelando que teve de informar pessoalmente alguns ciclistas de que não tinham contrato para a próxima época, algo que as próprias equipas não comunicaram.
“As inscrições das equipas tinham de ser feitas até 15 de outubro, o que significa que temos de ajudar vários ciclistas com seguros e planos de pensões para garantir que cumpriam o Acordo Conjunto para ciclistas independentes”, explicou Hansen numa publicação nas redes sociais. “E depois há a fusão das equipas, que é sem dúvida a maior carga de trabalho e as maiores dores de cabeça neste momento. A Vuelta já foi suficientemente stressante e parece que ainda agora acabou, mas aqui estamos nós de novo com outro grande problema.”
A fusão esteve em risco devido aos problemas financeiros da Intermarché - Wanty, mas acabou por avançar, ficando a nova estrutura com a licença da Lotto. No entanto, as consequências imediatas são duras: vários ciclistas e membros do staff ficarão sem contrato de trabalho.

“Os ciclistas não sabem se vão ter trabalho”

Hansen foi contundente nas críticas: “Na CPA, não estamos muito satisfeitos com esta situação. Todos sabem que há 44 contratos entre as duas equipas e apenas 30 lugares disponíveis.”
A falta de clareza foi o ponto que mais o incomodou: “Os ciclistas não sabem se vão ter trabalho na próxima época, especialmente nesta altura de outubro. É exatamente o que não queremos. Tive uma conversa com a UCI e com as duas equipas em conjunto e pedi uma lista clara dos 30 ciclistas que vão ficar e dos 14 que não vão. Por isso, quero agradecer à UCI por este facto.”
Mas o que mais o abalou foi o impacto humano: “Os ciclistas mereciam conhecer a sua situação há meses. O que me perturbou verdadeiramente foi o número de ciclistas que não tinham a certeza do seu futuro. Mais decepcionante ainda foi ter de dizer a alguns deles que não tinham contrato para o próximo ano, especialmente quando lhes tinham dito o contrário. Em alguns casos, até os agentes acreditavam que estavam seguros, porque foi isso que as equipas comunicaram. Não deveria ser a CPA a dar este tipo de notícias e muito menos em outubro. Para mim, pessoalmente, foi de partir o coração.”

“Manual de sprint”: novo projeto em marcha

Apesar da turbulência provocada pela fusão, Adam Hansen continua a trabalhar em novas iniciativas no seio da CPA. Uma delas é a criação de um “manual de sprint”, uma espécie de guia prático para uniformizar decisões e sanções nas chegadas rápidas.
“Falei com vários sprinters sobre a criação de um manual de sprint e eles gostaram da ideia. Um guia simples e claro que descreve, numa frase, o que é e o que não é permitido num sprint”, explicou. “O objetivo é que seja fácil de compreender e coerente para todos. Além disso, isto reduziria as inconsistências nas sanções e nos cartões amarelos aplicados aos ciclistas consoante os incidentes.”
Hansen reconhece que ainda há inconsistências no sistema disciplinar: “Os sprinters, por natureza, são mais suscetíveis de receber cartões amarelos, porque os sprints são tão rigorosamente regulados. Por isso, precisamos de aperfeiçoar este sistema. Uma lista de referência simples sobre o que é aceitável e o que não é poderia ajudar muito.”
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