Cyrille Guimard aponta Paul Seixas como o futuro rival de Pogacar nas Grandes Voltas: “Quando for ao Tour, será para ganhar”

Ciclismo
quarta-feira, 22 outubro 2025 a 22:10
Paul Seixas
A temporada de 2025 voltou a ser dominada por Tadej Pogacar, que venceu praticamente tudo o que disputou, exceto quando encontrou pela frente Mathieu van der Poel. Contudo, enquanto o esloveno continua a reescrever a história do ciclismo moderno, em França há um nome que começa a agitar o futuro: Paul Seixas.
O prodígio francês de apenas 19 anos teve uma ascensão meteórica e já é apontado como o sucessor natural de Pogacar, uma ideia que ganhou eco nas palavras de Cyrille Guimard, antigo selecionador nacional e uma das vozes mais respeitadas do ciclismo francês.
“Penso que tivemos um grande ano, marcado por verdadeiras proezas”, afirmou Guimard ao Cyclism’Actu. “Acima de tudo, sinto que o ciclismo está a redescobrir o que sempre foi a sua força: as rivalidades.”

Pogacar, Van der Poel… e agora Seixas?

Nos últimos anos, a rivalidade entre Pogacar e Jonas Vingegaard marcou a Volta a França, mas, em 2025, o duelo que verdadeiramente incendiou o público foi o de Pogacar contra Van der Poel nas Clássicas. Guimard acredita que o ciclismo moderno volta a respirar dessa emoção que outrora existia nos tempos de Anquetil, Poulidor e Robic.
“O ciclismo vive de rivalidades entre estrelas, não apenas entre grandes campeões”, recordou. “Nas Grandes Voltas, só há uma estrela: Pogacar. Nas Clássicas, temos Van der Poel, Pogacar e Evenepoel. Mas sinto que em breve veremos um novo duelo de gerações: Pogacar e Paul Seixas.”
Para o ex-selecionador, o ciclismo francês volta a ter motivos para sonhar. “Temos sorte em França, porque com Paul Seixas e Paul Magnier, que se está a tornar um dos melhores sprinters do mundo, podemos ter dois ciclistas capazes de regenerar o interesse do público.”

O prodígio francês que já convenceu todos

A época de 2025 confirmou o estatuto de Seixas como uma das grandes promessas do pelotão mundial. O jovem francês brilhou com o 3.º lugar no Campeonato da Europa, foi 7.º na Il Lombardia e terminou 8.º no Critérium du Dauphiné, mostrando consistência e maturidade tática pouco comum para a sua idade.
Guimard, contudo, alerta para o risco de o excesso de expectativas afetar o desenvolvimento do jovem: “O verdadeiro risco não é ‘queimá-lo’ fisicamente, o talento não se queima. O que o pode abalar é a pressão psicológica de expectativas desmedidas.”
O técnico defende que o crescimento de Seixas deve ser gerido com cuidado e tempo, sem ceder à impaciência do público francês.

O Tour? “Não se vai para aprender, vai-se para ganhar”

Uma das maiores questões que pairam sobre o futuro de Seixas é quando fará a sua estreia na Volta a França. A nação, ávida por um novo herói da geral, gostaria de o ver já em 2026 a lutar pela Camisola Amarela, mas Guimard é categórico: ainda é cedo.
“Devemos colocá-lo no Tour imediatamente? Já vivi esses debates no tempo de Hinault. E repito: não se vai ao Tour para aprender, vai-se para ganhar. Um ciclista como o Seixas não pode chegar e terminar em 6.º ou 8.º lugar. Quando ele vier, será para lutar pela vitória.”
Para Guimard, 2026 deve ser um ano de consolidação, com um calendário pensado para fortalecer a sua base técnica e táctica:
“Ele deve concentrar-se nas Clássicas, nas provas de uma semana, aprender as curvas, os paralelos, as trajetórias... aprender a ‘esfregar os ombros’. É isso que faz de alguém um ciclista completo. Só depois poderá pensar numa Grande Volta, e não apenas para participar, mas para ganhar.”

O símbolo de uma nova geração francesa

A promessa de Seixas chega num momento em que o ciclismo francês procura um novo ídolo capaz de rivalizar com as grandes figuras internacionais. A sua popularidade crescente e o estilo de corrida agressivo já o transformaram num símbolo de esperança para os adeptos.
“Quando os ciclistas têm talento, brio, um sorriso e uma ligação genuína com o público, tudo muda”, sublinhou Guimard. “Seixas tem isso, é carismático e autêntico. É o tipo de ciclista que o público francês precisava.”

Perspetivas: o futuro já começou

Enquanto Pogacar continua a dominar o presente, Paul Seixas representa o surgimento de uma nova geração. O seu percurso será seguido com lupa, não apenas por França, mas por todo o mundo do ciclismo. Guimard não tem dúvidas de que o talento está lá. O desafio será gerir o tempo e a pressão.
Se o plano se cumprir, o duelo entre Pogacar e Seixas poderá vir a ser o novo eixo do ciclismo mundial, o embate entre um fenómeno consolidado e um prodígio em ascensão.
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