Tadej Pogacar chega à Volta a França de 2025 como o grande favorito à vitória final. Depois de um primeiro semestre dominador e de um desempenho autoritário no Critérium du Dauphiné, o esloveno parte como o homem a bater, carregando não só o estatuto de Campeão do Mundo como também o peso das expetativas. No entanto, com um percurso desenhado para favorecer o suspense, o diretor da prova,
Christian Prudhomme, mantém a esperança de que
Jonas Vingegaard possa equilibrar o duelo.
“Estamos a fazer tudo o que podemos para que a corrida se decida no último momento”, afirmou Prudhomme em entrevista à AFP, admitindo a superioridade evidente de Pogacar, sobretudo após a exibição esmagadora no Dauphiné. “É certo que a última edição do Dauphiné mostrou que Pogacar está um nível acima nas montanhas. Se ele mantiver o nível dos últimos meses, será muito difícil contrariá-lo.”
Nesse sentido, Prudhomme sublinha a importância estratégica da primeira semana. “Talvez seja a semana inaugural mais decisiva dos últimos anos. É aí que os rivais terão de tentar roubar-lhe tempo, antes que a montanha acabe por decidir tudo.”
Tadej Pogacar ao ataque a Jonas Vingegaard durante o Dauphiné
O principal opositor do esloveno será, inevitavelmente, Jonas Vingegaard, vencedor do Tour em 2022 e 2023, e adversário direto nas mais intensas batalhas das últimas temporadas. “Nada supera um grande duelo. É o sal de qualquer competição desportiva. Nos últimos cinco anos, temos um 2-2 em confrontos diretos entre ambos”, lembra o diretor da corrida.
Ainda assim, Prudhomme não descarta a hipótese de uma nova figura emergir nesta edição, trazendo mais imprevisibilidade ao cenário. “Queremos que a luta continue, talvez com um Remco Evenepoel, ou até um terceiro elemento mais inesperado como Florian Lipowitz. Nunca se sabe.”
A comparação de Pogacar com Eddy Merckx, o lendário "Canibal", surge de forma quase natural perante o volume e a diversidade de vitórias do esloveno. “Ele é um ciclista que ganha muito, em todo o tipo de terreno. É por isso que ficaremos particularmente satisfeitos se houver suspense. Todos anseiam por uma grande luta, inclusive nós, organizadores.”
Quanto à alteração polémica do percurso final, com a introdução do circuito urbano de Montmartre na derradeira etapa, Prudhomme admite as críticas, mas mantém-se convicto quanto ao potencial da inovação. “Percebo perfeitamente as reservas. Tal como houve ciclistas pouco entusiasmados quando introduzimos os setores de paralelos ou os troços de gravilha. É natural. Mas não tenho dúvidas de que será um final fantástico.”
Com uma edição desenhada para fomentar a imprevisibilidade e reacender rivalidades, a organização da Volta a França parece ter feito a sua parte. Agora, cabe aos protagonistas confirmarem em estrada a expetativa de um duelo de titãs.