O novo capítulo da carreira de
Fernando Gaviria sofreu uma viragem inesperada e profundamente desconfortável. Menos de 24 horas depois de a
Caja Rural - Seguros RGA ter
anunciado com orgulho o sprinter colombiano como a sua contratação de referência para 2026, chegaram notícias do Mónaco de que o corredor de 31 anos foi sentenciado na sequência de um episódio de condução sob efeito de álcool ocorrido no mês passado.
Segundo relatos no principado, Gaviria compareceu esta semana perante um juiz monegasco, após ter sido intercetado numa operação policial a 22 de outubro. Os agentes terão detetado uma taxa de álcool no sangue de 2,40 gramas/litro, muito acima do limite legal, após uma série de infrações de trânsito que levaram à sua interceção. O incidente ocorreu poucos dias depois do fim de mais uma época difícil, que acabou por fechar a porta à sua passagem pela
Movistar Team.
Uma transição complicada para 2026
O timing é marcante: por um lado, a Caja Rural acabara de posicionar Gaviria como a pedra basilar do seu projeto de sprints, sublinhando a experiência e o potencial para reencontrar a forma que o tornou um dos finalizadores mais temidos do mundo. Por outro, este caso extra-desportivo eclipsou aquilo que deveria ser o arranque otimista de uma fase de reconstrução.
Só ontem, a equipa divulgou as primeiras palavras de Gaviria de verde, espelhando entusiasmo e gratidão pela oportunidade: “O que mais me motivou a juntar-me à Caja Rural-Seguros RGA foi a conversa que tive com eles, na qual senti um enorme entusiasmo pela minha chegada. Pareceu-me uma oportunidade muito interessante e estou confiante de que posso dar o meu melhor”.
Gaviria espera regressar ao melhor nível na Caja Rural em 2026
Definiu também objetivos desportivos para 2026, incluindo apontar a uma Grande Volta com o objetivo de completar a rara trilogia de vitórias em etapas no Tour, Giro e Vuelta. “O meu objetivo é trabalhar bem, ajudar a equipa o máximo possível e tentar ganhar corridas”, expressou. “Disputar uma Grande Volta seria especial e, no caso da Volta a Espanha, poder lutar por vitórias aí para completar o conjunto nas três Grandes Voltas seria realmente emocionante”.
Esse otimismo ficou agora ofuscado por um processo legal que a Caja Rural não referiu aquando do anúncio da contratação. A equipa ainda não comentou publicamente se a sentença terá impacto na preparação de Gaviria ou no seu calendário de início de época.
Um momento de reset com peso acrescido
Para corredor e equipa, a época de 2026 já carregava um sentido de urgência de “última oportunidade”. Gaviria não vence desde fevereiro de 2024, na Volta à Colômbia e chega após ter sido ultrapassado na hierarquia da Movistar por Orluis Aular. A Caja Rural, por sua vez, estruturou a sua ambição nos sprints em torno do colombiano e do colega português Iuri Leitão.
Agora, antes de Gaviria dar a primeira pedalada com as novas cores, a narrativa mudou drasticamente, da recuperação desportiva para a controvérsia fora de estrada. A forma como ele e a Caja Rural gerirem as consequências determinará se esta mudança se torna um ponto de viragem ou mais um contratempo numa carreira que tem oscilado entre o génio e a frustração.