A Unibet Rose Rockets está a transformar-se rapidamente numa das formações mais intrigantes do ciclismo europeu. Depois de um crescimento sustentado nos últimos dois anos, a equipa de Bas Tietema deu um passo decisivo nesta época baixa ao contratar três nomes de peso: Dylan Groenewegen,
Wout Poels e
Victor Lafay. Três ciclistas com vitórias na Volta a França, três argumentos sólidos para convencer a organização a atribuir uma das cobiçadas wild cards em 2026.
Para Lafay, em particular, o contrato com a Unibet pode marcar um renascimento desportivo ou o ponto final de uma carreira marcada por altos e baixos. “Na verdade, ele queria deixar o ciclismo e tornar-se vendedor de queijos”, revelou
Thijs Zonneveld no podcast
In De Waaier. “É um tipo atípico, muito talentoso, mas atormentado por lesões nos últimos anos. Ganhou uma etapa no Giro ainda jovem e depois uma vitória fantástica no Tour com a Cofidis.”
Victor Lafay, o talento que não quer ser previsível
Zonneveld acredita que o francês de 28 anos ainda pode regressar ao nível que lhe valeu um contrato milionário com a Decathlon AG2R La Mondiale Team em 2022. “É um ciclista capaz de terminar entre os 10 primeiros na Flèche Wallonne e tem um estilo muito alternativo. Por vezes ataca quando todos acham que devia ficar quieto”, explicou o neerlandês.
Lafay terá ponderado abandonar o ciclismo, rejeitando várias ofertas de equipas do WorldTour antes de aceitar o projeto da Unibet. “O facto de se poder contratar um tipo como este é notável. É uma transferência muito louca. Se queres maximizar as hipóteses de um convite para o Tour, contratar um bom ciclista francês é incrivelmente inteligente. É uma jogada estratégica e desportiva brilhante”, concluiu Zonneveld.
Wout Poels é uma das contrações sonantes de Bas Tietema
A filosofia “money-ball” de Tietema
A Unibet Rose Rockets está longe de ser uma equipa convencional. Com raízes no projeto digital de Bas Tietema, a estrutura evoluiu de um conceito mediático para uma formação profissional ambiciosa e organizada. Segundo Zonneveld, a equipa tem apostado numa abordagem “money-ball”, inspirada na análise de valor e desempenho, à semelhança do modelo utilizado em desportos norte-americanos.
“Têm contratado ciclistas que são verdadeiros activos, com grande potencial de rendimento, mas que escapam ao radar tradicional de prospeção”, explicou. “Já tinham o Matyas Kopecky e o Niklas Larsen, por exemplo. Especialmente o Larsen, que esteve impressionante no último ano. A Unibet já o tinha antes dele brilhar no Campeonato da Europa.”
Este tipo de scouting permitiu à equipa construir uma base sólida, mas o salto de qualidade chega agora com os nomes de Groenewegen, Poels e Lafay.
De outsiders a candidatos
“Groenewegen e Poels não estão a ganhar pouco, são ciclistas com vitórias em Grandes Voltas”, sublinhou Zonneveld. “São reforços que transformam imediatamente a equipa, se estiverem motivados.”
O neerlandês destacou ainda que a Unibet Rose Rockets está financeiramente estável, uma condição essencial para subir de estatuto. “Há ciclistas que aceitam ganhar um pouco menos só para ter protagonismo. É um equilíbrio perfeito entre oportunidade e ambição.”
Poels, vencedor da Volta à Turquia em 2025 e um dos mais experientes do pelotão, poderá ser uma referência interna e um mentor para os mais jovens. Groenewegen, por sua vez, continua a ser um dos sprinters mais competitivos do mundo. Juntos, trazem peso mediático e desportivo a uma equipa que, até há pouco tempo, era vista como outsider.
“Se ainda estiverem motivados, a equipa vai melhorar imediatamente”, frisou Zonneveld. “São ciclistas mais velhos, sim, mas o Poels mostrou que ainda tem fome de vencer”, concluiu.