Poucos ciclistas se despedem com um palmarés tão completo e reconhecido como o de
Alexander Kristoff. Aos 38 anos, o norueguês terminou a sua carreira profissional no final de 2025 com 98 vitórias, incluindo etapas na Volta a França, Volta a Flandres, Gent-Wevelgem, E3 Harelbeke e uma Milan-Sanremo. Agora, depois de fechar o capítulo competitivo com a Uno-X Mobility, Kristoff abre outro, agora fora da bicicleta.
O sprinter anunciou que é novo co proprietário da equipa continental norueguesa
Team Coop-Repsol, um projeto que pretende transformar numa referência no desenvolvimento de jovens talentos.
“Quero ajudar a formar a próxima geração de ciclistas noruegueses”, explicou Kristoff à imprensa do seu país. “Depois de tantos anos a correr, percebi que quero retribuir ao ciclismo o que ele me deu. Este é o momento certo.”
A equipa irá passar a chamar-se Team Drali-Repsol em 2026, sendo sucessora direta da Team Coop-Repsol, estrutura que durante vários anos serviu como viveiro de talentos no panorama escandinavo. O nome “Coop” deixará de fazer parte do projeto a partir do final do ano, com a Drali, marca italiana de bicicletas de alta gama, a assumir o patrocínio principal até 2028.
A nova direção da qual Kristoff faz parte quer transformar a equipa num verdadeiro trampolim para o WorldTour. A ambição é clara: seguir os passos da Uno-X Mobility, que já levou ciclistas noruegueses à Volta a França através de wild cards.
“O nosso objetivo é crescer passo a passo, com base em valores sólidos e numa cultura de trabalho norueguesa. Se a Uno-X conseguiu chegar ao Tour, nós também podemos sonhar com isso”, afirmou Kristoff.
Alexander Kristoff tornou-se um dos proprietários da Team Drali-Repsol.
Uma escola de talentos noruegueses
O histórico da equipa confirma a vocação de formação. Nos últimos anos, o projeto tem sido uma fábrica de jovens promessas que rapidamente chegaram ao topo.
Um dos exemplos mais notáveis é Embret Svestad-Bårdseng, que passou pela estrutura entre 2021 e 2022 antes de seguir para a Arkéa - B&B Hotels e, posteriormente, para a INEOS Grenadiers. O jovem norueguês de 21 anos já participou na Volta a Itália e é considerado um dos futuros candidatos à classificação geral em Grandes Voltas.
Outro caso é o de Storm Ingebrigtsen, que brilhou esta temporada ao vencer a 1ª etapa da Volta à Noruega e a classificação da montanha. O desempenho garantiu-lhe um contrato com a Uno-X Mobility até 2027.
“Estes exemplos mostram que há talento de sobra na Noruega. O que precisamos é de uma estrutura sólida e de apoio a longo prazo para que mais jovens possam seguir o mesmo caminho”, sublinhou Kristoff.
O novo papel de Kristoff
A experiência de 16 anos no pelotão internacional, passando por equipas como a Katusha, UAE Team Emirates e Uno-X Mobility, dá a Kristoff uma perspectiva sobre o que é necessário para triunfar no ciclismo moderno.
Além do investimento financeiro, o norueguês pretende estar ativamente envolvido na orientação dos ciclistas, partilhando o seu conhecimento sobre posicionamento, preparação e mentalidade em corridas de alto nível.
“Quero estar perto dos miúdos. Sei o que é começar lá de baixo e sem ter grandes meios. Quero que eles tenham as oportunidades que eu não tive no início da minha carreira”, afirmou o ex-ciclista.