O jovem suíço
Jan Christen é um dos talentos mais promissores do ciclismo mundial e, em 2025, confirmou o seu enorme potencial ao serviço da
UAE Team Emirates - XRG. A sua evolução foi notória, com vitórias importantes e desempenhos de grande nível em provas de um dia e por etapas. No entanto, o próprio admite que esse crescimento também trouxe novos desafios: já não é subestimado e a liberdade tática que desfrutava no início da época desapareceu.
“É relaxante assinar até 2030, por um lado, mas também quero ganhar corridas”, explicou Christen ao
Cyclingnews. “Dá-me muita confiança o facto de a equipa acreditar em mim e no futuro que temos juntos.”
Um jovem líder em ascensão
Aos 20 anos, Christen assinou um contrato de longo prazo até 2030, sinal claro da confiança que a equipa deposita nele. A temporada começou da melhor forma, com vitórias no Troféu Calvia e na chegada à Foia na Volta ao Algarve, onde demonstrou frieza e potência para competir com ciclistas muito mais experientes.
Desde então, embora não tenha voltado a vencer, as suas exibições mantiveram-se em alto nível, com destaque para o 2.º lugar na Clássica San Sebastián e para um desempenho sólido na Volta à Polónia, onde lutou entre os melhores da geral.
“Corri muito nas últimas oito semanas, mas sinto-me bem”, referiu antes da 4.ª etapa da
Volta a Guangxi. “Com o Jhonatan [Narváez], temos o grande favorito, e também o Felix [Großschartner] e eu estamos em boas condições. No final, é uma questão de jogar bem as nossas cartas e garantir que um de nós ganha.”
Apesar do esforço coletivo, a etapa acabou por ser dominada por Paul Double (Jayco AlUla), que viria a confirmar a vitória na classificação geral.
Um ciclista de instinto, agora mais vigiado
Christen admite que a notoriedade tem um preço. O pelotão já o reconhece como uma ameaça, e isso condiciona a sua liberdade de ataque.
“Gosto de correr com o instinto, tentar algo antes do final, mas comecei a sentir que os outros já sabem o quão forte sou. Já não me deixam ir”, confessou. “Também preciso de aprender mais com os colegas e ouvir. Tenho a certeza de que no próximo ano posso conquistar muitas vitórias.”
Essa capacidade de correr de forma espontânea e criativa foi uma das suas armas no início da carreira, mas agora exige um novo equilíbrio entre liberdade e disciplina tática, algo que a UAE procura refinar.
Entre clássicas e provas de uma semana
Para 2026, o suíço tem ideias claras sobre onde quer concentrar o seu desenvolvimento.
“Estou a gostar muito das corridas de um dia, como a Flèche Wallonne, a Amstel Gold Race e a San Sebastián”, explicou. “Claro que seria bom fazer a minha primeira Grande Volta, mas o meu foco principal será nas corridas por etapas de uma semana e nas clássicas. A competitividade dentro da equipa é boa, motivamo-nos uns aos outros, e essa é a chave.”
Na UAE Team Emirates - XRG, a concorrência interna é feroz, com ciclistas como Pogacar, Ayuso, Del Toro e Narváez a lutar por objetivos semelhantes. Ainda assim, Christen encara essa pressão como uma vantagem:
“Temos sempre vários homens na partida que podem ganhar. É preciso trabalhar bem antes para mostrar à equipa que estamos prontos. Esforçamo-nos uns pelos outros e isso torna-nos mais fortes.”
Obstáculos e maturidade
Nem tudo correu de forma perfeita em 2025. Christen enfrentou quedas, uma clavícula partida e alguns problemas de saúde, fatores que o impediram de manter consistência.
“Tive um pouco de azar com quedas e doenças, mas também ganhei duas corridas e participei em várias vitórias da equipa”, resumiu. “Estou contente por ter conseguido melhorar este ano e espero dar mais um passo no inverno para ter ainda mais sucesso.”
Apesar dos contratempos, o suíço transformou a adversidade em aprendizagem e consolidou o estatuto de aposta sólida de longo prazo para a UAE Team Emirates - XRG.
O futuro de um talento em evolução
Com o contrato garantido até 2030 e um programa cada vez mais ambicioso, Jan Christen entra em 2026 como uma das peças mais interessantes da nova geração da UAE.
O seu instinto ofensivo, combinado com uma maturidade crescente, promete transformar as vitórias ocasionais em resultados regulares.
O desafio agora é consolidar o talento num sistema altamente competitivo e, como o próprio admite, aprender a vencer mesmo quando o pelotão já sabe exatamente quem ele é.