Marc Madiot, diretor da
Groupama - FDJ, afirmou que não se surpreende com o domínio da UAE Team Emirates - XRG ao longo de 2025, considerando que a dimensão e a qualidade do plantel tornam inevitável a avalanche de vitórias.
A equipa liderada por
Tadej Pogacar soma já 85 triunfos esta temporada, colocando em evidência a profundidade da formação. Para Madiot, não há mistério: "Eles têm 25 potenciais líderes no seu plantel, por isso é lógico. Com três ciclistas entre os seis melhores do mundo, os seus resultados são consistentes",
afirmou ao Cyclism’Actu.O ciclismo perante duas realidades
Na análise do francês, a questão ultrapassa a simples comparação de resultados. Para ele, a hegemonia da Emirates reflete um problema estrutural mais vasto: o fosso crescente entre as "super equipas" financiadas por estados ou grandes fundos e as equipas que sobrevivem através de modelos de patrocínio tradicionais.
"Sim, há dois modelos. Os gigantes com o patrocínio quase estatal e o patrocínio tradicional baseado no retorno de imagem. Ambos coexistem, mas o futuro do ciclismo está numa encruzilhada, como vimos com a Vuelta. Terão de ser feitas perguntas sobre a regulamentação e a organização do ciclismo de amanhã, tanto a nível das equipas como das corridas".
Seis equipas - Emirates, Lidl-Trek, Visma, Soudal, INEOS e Decathlon - concentram 254 das 394 vitórias obtidas por equipas do worldtour em 2025
Quando questionado sobre a diferença de recursos face a rivais como a Decathlon AG2R La Mondiale Team, Madiot admitiu a disparidade, mas sublinhou a sua satisfação com os parceiros de longa data: "Eles têm meios que nós não temos. Mas estamos felizes e orgulhosos da lealdade dos nossos patrocinadores Groupama e FDJ. Estou muito feliz neste momento".
Pogacar no centro das atenções em Kigali
Com os olhos agora postos no
Campeonato do Mundo em Kigali, Madiot vê Pogacar como referência incontornável. "Nada está escrito de antemão, mas é evidente que os Emirates terão as chaves da corrida".
Sobre as expectativas francesas, o responsável foi cauteloso. "A equipa francesa reflete o estado do pelotão no final da época, com lesões e ciclistas em baixo de forma. Thomas Voeckler fez o que pôde com os recursos disponíveis. Podemos ser competitivos sem sermos favoritos. As condições, altitude e calor, vão ser especiais, mas estou tranquilo".
Madiot reconheceu que um pódio seria já um resultado excelente, sem descartar surpresas: "Um pódio francês representaria o melhor cenário possível, mas não excluo totalmente a hipótese".
Pogacar e a lógica de equipa
O técnico francês comentou ainda o episódio recente do GP de Montréal, onde Pogacar ofereceu a vitória ao colega de equipa Brandon McNulty: "Era normal numa situação em que o teu nome é Tadej Pogacar (risos). Uma lógica de equipa, totalmente previsível".
Para Madiot, o gesto simboliza não apenas a estatura do esloveno, mas também a clareza de uma estratégia coletiva bem definida que permite à UAE Team Emirates - XRG exercer um controlo quase rotineiro sobre o pelotão.