O francês
Alex Baudin confessou aquilo que muitos no pelotão pensam, mas poucos dizem em voz alta: competir na mesma corrida que
Tadej Pogacar é, ao mesmo tempo, inspirador e frustrante. Em
entrevista ao DicoduSport, o ciclista da Decathlon AG2R La Mondiale Team falou sem rodeios sobre o domínio do esloveno e o impacto que este tem tanto nas corridas como na moral dos seus adversários.
“Honestamente, é engraçado no início. Mas este ano o meu calendário foi quase igual ao do Pogacar. Mesmo sem ser derrotista, caso contrário nem começaria, sei muito bem o que vai acontecer no final”, admitiu Baudin. “Ele está dois passos à frente de todos os outros. No pelotão muitos estão a começar a ficar fartos de serem esmagados.”
“Pogacar mata um pouco o suspense”
Baudin, que este ano viveu uma das suas melhores épocas, incluindo uma curta passagem pela liderança da Volta à Romandia, não esconde a admiração pela superioridade do campeão do mundo. Mas reconhece que a previsibilidade traz consigo um efeito colateral: a perda de emoção nas corridas.
“É verdade que é óptimo para quem vê o ciclismo pela televisão ver ataques a 100 quilómetros da meta. Mas também mata o suspense. O Pogacar mata um pouco a corrida. Sempre que ele está lá, toda a gente corre pelo segundo lugar”, explicou o francês.
O “efeito Pogacar” não é uma metáfora. Baudin sentiu-o de forma literal no Critérium du Dauphiné, quando liderava a etapa para Combloux até ser apanhado pela máquina da UAE Team Emirates. “Foi a primeira das três grandes etapas de montanha e a equipa dele perseguiu-nos durante quilómetros. No fim, ele venceu de forma dominante. Era a etapa mais fácil das três, mas ganhou minutos”, recorda.
Uma Volta a França amarga
Baudin destacou o trabalho coletivo da sua equipa na
Volta a França, mas admite que o rendimento pessoal ficou aquém das expectativas.
“Tínhamos um ótimo grupo e foi uma experiência incrível. Quando penso no Tour, parece que nem foi real. Estivemos em altitude antes do Dauphiné e lá tive um dos meus melhores momentos do ano. No Tour, as coisas começaram bem, mas o meu nível caiu logo no início”, confessou.
O francês sofreu ainda com problemas de saúde: “Apanhei um pequeno vírus, nada de grave, mas foi o suficiente para me tirar energia. E num Tour, isso paga-se caro.”
Ainda assim, o objetivo mantém-se intacto: vencer uma etapa da Volta a França. “Sonho em ganhar uma etapa do Tour. Não importa qual. É um triunfo muito prestigiante.”
Sobre Paul Seixas: “Ele vai marcar uma era no ciclismo francês”
Durante a entrevista, Baudin também falou sobre o compatriota
Paul Seixas, uma das maiores esperanças do ciclismo francês e medalha de bronze nos Campeonatos da Europa de 2025.
“É impressionante ver um jovem ciclista como ele. Já tem a cabeça no lugar e é muito maduro para a idade que tem”, afirmou. “Penso que tem o carácter de um grande campeão. Acredito sinceramente que vai tornar-se um grande nome do ciclismo e deixar a sua marca na história do ciclismo francês.”
Paul Seixas no pódio da corrida de estrada do Campeonato da Europa.