"Estamos fartos de ser esmagados" O domínio de Tadej Pogacar através dos olhos de um rival

Ciclismo
domingo, 19 outubro 2025 a 11:00
TadejPogacar
O francês Alex Baudin confessou aquilo que muitos no pelotão pensam, mas poucos dizem em voz alta: competir na mesma corrida que Tadej Pogacar é, ao mesmo tempo, inspirador e frustrante. Em entrevista ao DicoduSport, o ciclista da Decathlon AG2R La Mondiale Team falou sem rodeios sobre o domínio do esloveno e o impacto que este tem tanto nas corridas como na moral dos seus adversários.
“Honestamente, é engraçado no início. Mas este ano o meu calendário foi quase igual ao do Pogacar. Mesmo sem ser derrotista, caso contrário nem começaria, sei muito bem o que vai acontecer no final”, admitiu Baudin. “Ele está dois passos à frente de todos os outros. No pelotão muitos estão a começar a ficar fartos de serem esmagados.”

“Pogacar mata um pouco o suspense”

Baudin, que este ano viveu uma das suas melhores épocas, incluindo uma curta passagem pela liderança da Volta à Romandia, não esconde a admiração pela superioridade do campeão do mundo. Mas reconhece que a previsibilidade traz consigo um efeito colateral: a perda de emoção nas corridas.
“É verdade que é óptimo para quem vê o ciclismo pela televisão ver ataques a 100 quilómetros da meta. Mas também mata o suspense. O Pogacar mata um pouco a corrida. Sempre que ele está lá, toda a gente corre pelo segundo lugar”, explicou o francês.
O “efeito Pogacar” não é uma metáfora. Baudin sentiu-o de forma literal no Critérium du Dauphiné, quando liderava a etapa para Combloux até ser apanhado pela máquina da UAE Team Emirates. “Foi a primeira das três grandes etapas de montanha e a equipa dele perseguiu-nos durante quilómetros. No fim, ele venceu de forma dominante. Era a etapa mais fácil das três, mas ganhou minutos”, recorda.

Uma Volta a França amarga

Baudin destacou o trabalho coletivo da sua equipa na Volta a França, mas admite que o rendimento pessoal ficou aquém das expectativas.
“Tínhamos um ótimo grupo e foi uma experiência incrível. Quando penso no Tour, parece que nem foi real. Estivemos em altitude antes do Dauphiné e lá tive um dos meus melhores momentos do ano. No Tour, as coisas começaram bem, mas o meu nível caiu logo no início”, confessou.
O francês sofreu ainda com problemas de saúde: “Apanhei um pequeno vírus, nada de grave, mas foi o suficiente para me tirar energia. E num Tour, isso paga-se caro.”
Ainda assim, o objetivo mantém-se intacto: vencer uma etapa da Volta a França. “Sonho em ganhar uma etapa do Tour. Não importa qual. É um triunfo muito prestigiante.”

Sobre Paul Seixas: “Ele vai marcar uma era no ciclismo francês”

Durante a entrevista, Baudin também falou sobre o compatriota Paul Seixas, uma das maiores esperanças do ciclismo francês e medalha de bronze nos Campeonatos da Europa de 2025.
“É impressionante ver um jovem ciclista como ele. Já tem a cabeça no lugar e é muito maduro para a idade que tem”, afirmou. “Penso que tem o carácter de um grande campeão. Acredito sinceramente que vai tornar-se um grande nome do ciclismo e deixar a sua marca na história do ciclismo francês.”
Paul Seixas no pódio da corrida de estrada do Campeonato da Europa. 
Paul Seixas no pódio da corrida de estrada do Campeonato da Europa. 
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