"Estes corredores podem ser a melhor aposta para a INEOS" - Bruyneel e Martin discutem possíveis contratações da equipa britânica para 2026

A INEOS Grenadiers anunciou esta sexta-feira a renovação de cinco ciclistas até à temporada de 2026, os cinco elementos que ainda não tinham vínculo para o próximo ano. Com 27 corredores já confirmados, a equipa aproxima-se da sua versão final. Mas quem pode ainda chegar? Derek Gee e Oscar Onley são hipóteses, discutidas por Johan Bruyneel e Spencer Martin.

“Se o Oscar Onley, imaginemos, for para a INEOS, não sabemos se vai acontecer… Mas, se for, é uma boa aquisição para eles e para onde caminha a equipa com ele como líder?”, questiona Spencer Martin no podcast The Move.

“Acho que é bom para ambos. A questão é, outra vez, se o Oscar Onley vai render ao mesmo nível quando já não estiver na Picnic PostNL”, responde Johan Bruyneel. “Eu diria que sim. Para a INEOS, eles precisam de um grande líder britânico e é o único, neste momento, potencialmente disponível. Quer dizer, há os irmãos Yates, mas estão comprometidos e já estiveram na INEOS ou na Sky (correção: só Adam Yates)”.

O britânico, quarto na Volta a França deste ano, foi uma enorme revelação. Mostrou capacidade para discutir a geral de uma grande volta, e fê-lo num Tour com corrida implacável desde o primeiro dia, onde apenas Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard e Florian Lipowitz foram mais fortes.

Onley fez uma Grande Boucle muito consistente e, aos 22 anos, tem ampla margem de progressão. Apesar de contrato até 2027 com a equipa neerlandesa, há meses que se fala no interesse da INEOS em comprar o seu passe. Não conseguiram fazê-lo com Remco Evenepoel, mas Onley poderá estar dentro do alcance financeiro da formação britânica.

“O Oscar Onley, acho que faz sentido”. Mas não é a única figura de grandes voltas na mira da INEOS. A outra é Derek Gee, que em agosto foi apontado à rescisão com a Israel - Premier Tech para assinar pela INEOS. Desde então, quase silêncio total, enquanto enfrenta questões legais após o que a equipa considerou uma rescisão indevida de contrato.

“Ainda não sabemos o que vai acontecer com o Derek Gee, mas eu diria, com todo o respeito por ambos, que o Derek Gee também não é, pelo menos ainda não provou ser, um líder sólido em torno do qual se constrói todo o programa, e o mesmo vale para o Oscar Onley”, argumenta Bruyneel. É um ponto sensível, tendo em conta que ambos foram quartos classificados, respetivamente, no Giro e no Tour este ano, como líderes absolutos das suas equipas.

Ainda assim, o analista belga sustenta a opinião no facto de, para já, serem candidatos a pódio, no máximo: “O Onley foi provavelmente mais consistente do que o Derek Gee, mas são candidatos a pódio em grandes voltas, não candidatos a vencer grandes voltas no ciclismo de hoje, diria. Não há muitos, pois não? Não há muitos vencedores de grandes voltas disponíveis e que fossem interessantes”.

Até esta sexta-feira, a INEOS tinha apenas 22 ciclistas com contrato para 2026 e, de momento, mantém três vagas por preencher, com negociações a decorrer nos bastidores. “O facto de o mercado estar tão silencioso do lado da INEOS indica, na minha opinião, que ainda há algo ao lume”, acredita Bruyneel. “No caso do Derek Gee, o entendimento está feito entre as partes, agora falta resolver legalmente”.

“A possibilidade Oscar Onley, acho que o Brailsford vai continuar a tentar torná-la real”, concorda Martin: “O facto de o Sam Welsford estar para vir e agora estar em suspenso, sem assinar, mostra que estão à espera de ver algo…” Embora improvável, as três vagas podem acabar ocupadas por Onley, Gee e Welsford. Os dois últimos são cenários plausíveis, já que a ida de Welsford - segundo o jornalista Daniel Benson - voltou recentemente à discussão.

“Deixe-me ser o advogado do diabo. Imaginemos que o Oscar Onley, o Derek Gee e o Kévin Vauquelin vão para essa equipa no próximo ano”, prossegue Martin. “Os três, e digo isto com todo o respeito, estavam em equipas muito inferiores em termos de investimento em estágios, equipamento, comboios, metodologia. Se fizeram o que fizeram nessas equipas… Se for o Dave Brailsford, pensa: ‘Trago-os e são puros-sangue escondidos à vista, ao contrário de alguém como o Juan Ayuso, que já estava na melhor equipa do mundo’, que era a outra alternativa”.

É plausível que possam evoluir no contexto da equipa britânica, algo que só se confirmará se as transferências se concretizarem. E a formação, apesar dos recursos, já não tem o peso no mercado de há uma década e não consegue contratar ciclistas que sejam favoritos claros a vencer grandes voltas.

“Porque o Tadej Pogacar não está disponível, o Jonas Vingegaard não está disponível, o Isaac del Toro não está disponível… Não há muitas opções. Estes podem ser a melhor aposta para a INEOS”, conclui.