Fabio Felline anuncia retirada do ciclismo: “A história continua, de forma diferente”

O ciclista italiano Fabio Felline, natural de Turim, anunciou oficialmente o fim da sua carreira profissional a 1 de novembro, data simbólica que há muitos anos associa à sua tradicional Fellinata, uma celebração entre amigos, patrocinadores e companheiros de estrada para marcar o encerramento da época.

“O dia 1 de novembro era normalmente o dia da minha Fellinata, a festa para dizer adeus à época e aguardar com expetativa a próxima. Mas não haverá uma época de 2026 para mim como ciclista”, afirmou Felline. “Como muitos sabem, já me despedi das corridas no ano passado. Depois, a nostalgia, daquelas que só quem viveu certas emoções consegue compreender, levou-me a regressar.”

O italiano de 35 anos encerra assim uma carreira de 15 temporadas, marcada por vitórias importantes, consistência e respeito dentro do pelotão.

Felline já havia anunciado a retirada no final de 2024, depois de o seu contrato com a Lidl-Trek ter chegado ao fim. No entanto, o fascínio pelas corridas fê-lo regressar no verão de 2025, ao serviço da MBH Bank Ballan CSB, uma equipa de ambição modesta mas que lhe permitiu reencontrar o prazer competitivo. Participou em sete provas no outono, entre elas o Memorial Pantani e a Coppa Sabatini, antes de decidir que era hora de parar definitivamente.

“Este ano, a equipa lançou as bases para continuar a crescer, e fazer parte desse projeto, ao lado de jovens ciclistas cheios de entusiasmo e de sonhos, foi um privilégio”, escreveu. “Tentei transmitir-lhes algo do meu ciclismo e, ao fazê-lo, eles também me ensinaram algo precioso. Mas, pelo caminho, algo mudou neste projeto. E assim, com serenidade e gratidão para com o ciclismo, hoje ponho a palavra ‘fim’ ao capítulo do ciclista Fábio.”

O percurso profissional de Felline começou em 2010, na Footon Servetto, onde venceu duas etapas e a classificação geral do Circuit de Lorraine Professionnel, um prenúncio da regularidade que viria a definir a sua carreira. Ao longo dos anos, passou também pela Astana e pela Lidl-Trek, somando 14 vitórias profissionais e inúmeros pódios.

Entre os triunfos mais emblemáticos contam-se:

Mas talvez o seu momento mais especial tenha chegado em 2016, quando envergou a camisola verde dos pontos na Volta a Espanha, dividindo o pódio final em Madrid com Nairo Quintana, Chris Froome e Alejandro Valverde.

No seu post de despedida, Felline expressou uma profunda gratidão pela jornada vivida e pelas pessoas que conheceu ao longo de uma década e meia no pelotão.

“Vivi o ciclismo em toda a sua plenitude, em todas as tonalidades: desde o rapaz que esperava o seu equipamento de primeira equipa num parque de estacionamento até ao profissional que se viu a correr lado a lado com os campeões que costumava ver na televisão... e até a vencê-los, que satisfação!”

Mais do que as vitórias, Felline valorizou as relações humanas e o aprendizado que o desporto lhe proporcionou.

“Ganhei 14 vezes, terminei no pódio cerca de trinta vezes e cheguei aos dez primeiros lugares uma centena de vezes. Mas os verdadeiros números que levo comigo são outros: as pessoas que conheci, os desafios partilhados, as amizades nascidas na estrada. O ciclismo deu-me muito. E mesmo que já não seja um corredor, sei que o mundo do ciclismo fará sempre parte de mim. A história continua, de forma diferente.”