"Mereceu ganhar" - Tadej Pogacar explica o presente dado a McNulty no GP de Montréal e fala dos campeonatos do mundo

Ciclismo
segunda-feira, 15 setembro 2025 a 11:00
G01PNqHbsAARfJN
A UAE Team Emirates - XRG alcançou um marco histórico no GP de Montréal, conquistando a sua 85ª vitória da temporada de 2025, igualando o recorde de todos os tempos estabelecido pela HTC-Columbia em 2009. A máquina vencedora da equipa tem sido imparável ao longo do ano e, com o calendário ainda em aberto, chegar à marca redonda das 90 vitórias parece ser o próximo passo.
O triunfo chegou de forma enfática, com Brandon McNulty e Tadej Pogacar a isolarem-se na frente e a cruzarem a meta lado a lado, sem deixar dúvidas sobre a supremacia da equipa. O que tornou o momento ainda mais memorável foi o gesto do esloveno, atual campeão do mundo, que ofereceu a vitória ao colega americano.

Pogacar lança o ataque decisivo

O momento-chave deu-se no Mont Royal, onde Pogacar acelerou com violência a partir do grupo perseguidor, rapidamente alcançando a dianteira. Atrás, McNulty aproveitou a oportunidade, despachando Quinn Simmons com uma movimentação precisa e colocando-se em perseguição direta ao esloveno.
Quando percebeu que o seu companheiro estava a aproximar-se, Pogacar fez algo inesperado: abrandou ligeiramente para permitir que McNulty se juntasse a ele. A partir daí, "Pogi" meteu o rimo, com o colega sempre na roda, abrindo uma vantagem definitiva.
Na última volta já era claro que a vitória ficaria na equipa. Os dois transformaram os quilómetros finais numa celebração conjunta, pedalando com controlo absoluto e saboreando o momento histórico.

Pogacar explica: "Eu disse ao Brandon que ele merecia ganhar"

"Depois da segunda subida, havia uma descida curta e direta e olhei para trás. Perguntei então à direção da equipa qual era a situação, porque às vezes não conseguia ouvir o meu rádio por causa do barulho da multidão. Nesse momento, recebi a confirmação de que o Brandon estava cerca de 20 segundos atrás de mim. Depois disso, esperei por ele numa pequena subida e depois pedalámos juntos".
E deixou claro como foi decidido o vencedor: "Eu disse ao Brandon que ele merecia ganhar. Só trocámos algumas palavras. Demos os parabéns um ao outro por um dia tão bom. Não tivemos grande discussão, haha!"

McNulty: "Foi um dos dias mais memoráveis da minha carreira"

Se para Pogacar o gesto foi natural, para McNulty tornou-se um dos momentos mais importantes da sua carreira. No comunicado da equipa, o americano não escondeu a emoção:
"Quando se faz uma dupla com um companheiro de equipa, mas quando ele é Campeão do Mundo e obviamente o melhor homem do mundo, é super especial. Foi um dos dias mais memoráveis da minha carreira até agora. Fizemos uma manobra na subida e acabámos por ficar num grupo de quatro, e depois o Tadej foi [para o ataque]. Depois consegui passar, ele esperou por mim e teve a amabilidade de me dar a vitória. Por isso, no final, ele decidiu dar-ma [a vitória]. Por isso, estou muito grato por isso. Foi um super dia de festa".
Atrás da dupla, Simmons acabou por assegurar o terceiro posto, mas a corrida estava decidida muito antes.

Um recorde histórico

Com esta vitória, a UAE igualou um recorde que resistia desde 2009. A marca simbólica das 85 vitórias mostra a profundidade e consistência de um conjunto que dominou em todas as frentes do ciclismo mundial ao longo da época.
Apesar da dimensão do feito, Pogacar fez questão de relativizar:
"Não pensámos muito nisso antes de hoje, que tínhamos de perseguir o recorde de mais vitórias num ano. Só queremos ganhar sempre que corremos, é para isso que o fazemos. Pessoalmente, não conto as minhas vitórias, mas queremos aproveitar todas as oportunidades".

Pogacar recupera confiança

O esloveno explicou também como chegou ao Canadá após uma preparação condicionada:
"Antes de vir para o Canadá, estava um pouco preocupado com a minha forma, porque estive doente durante toda a semana que antecedeu a prova. Não pude fazer todos os treinos como planeado. Por isso, estava um pouco apreensivo. No Quebeque, as minhas pernas não estavam muito boas, mas corri bem e encontrei algum ritmo. Nos treinos e no Quebeque, recuperei a minha motivação e confiança e hoje foi mais um dia muito bom. Olhando para trás, estou contente por ter ido ao Canadá".

"Trabalhámos para esta vitória do princípio ao fim"

O sentimento de conquista coletiva foi partilhado por toda a equipa. Adam Yates destacou o esforço conjunto:
"Trabalhámos para esta vitória do princípio ao fim e valeu a pena. Só queremos ganhar em todo o lado e isso não foi diferente em Montreal. Tentámos no Quebeque, mas essa corrida foi difícil de controlar".
Já Pavel Sivakov sublinhou o carácter histórico da época:
"É um ano histórico para a equipa, em que estamos a fazer uma corrida muito forte. Estamos realmente a fazer história aqui".
E reconheceu que o recorde era tema interno, mesmo que não fosse a prioridade:
"Sim, era, mas não era o objetivo principal. Corremos para ganhar; é por isso que estamos na linha de partida".

Olhar para o futuro

Para Pogacar, a ambição não fica por aqui. O esloveno já tem em vista os Mundiais no Ruanda, onde irá defender a camisola arco-íris na estrada e enfrentar Remco Evenepoel no contrarrelógio.
"Tem sido uma época de grande sucesso para a equipa. Muitos ciclistas têm oportunidades e, quando as têm, aproveitam-nas. Quase todos os nossos ciclistas ganharam alguma coisa este ano e isso é uma prova de como trabalham arduamente. Todos se esforçam muito e estamos muito contentes por termos tantas vitórias este ano".
Montreal confirmou o que 2025 tem repetidamente demonstrado: seja em clássicas, provas de uma semana ou grandes voltas, a UAE Team Emirates - XRG só tem uma forma de correr, para ganhar. E, com Pogacar, Almeida, Del Toro, McNulty e tantos outros, a era do domínio continua a escrever-se vitória após vitória.
aplausos 0visitantes 0
loading

Últimas notícias

Notícias populares

Últimos Comentarios

Loading