Merlier bate Milan ao sprint na 9ª etapa da Volta a França em dia marcado por abandono de João Almeida e fuga de Van der Poel

Tim Merlier voltou a mostrar a sua superioridade no sprint e conquistou a sua segunda vitória na Volta a França 2025, triunfando numa chegada desorganizada em Troyes. No entanto, os aplausos ficaram para Mathieu van der Poel, protagonista de uma fuga improvável que animou uma etapa que se previa tranquila para os sprinters.

Apesar de o perfil da jornada apontar para um desfecho em pelotão compacto, foi Van der Poel quem lançou o caos logo após a partida. O campeão mundial atacou na companhia do seu colega da Alpecin-Deceuninck, Jonas Rickaert, formando uma dupla que chegou a ter mais de cinco minutos de vantagem sobre um pelotão inicialmente adormecido. A Lidl-Trek, equipa de Jonathan Milan, vencedor do dia de ontem, assumiu a responsabilidade de controlar a diferença.

A cerca de 75 quilómetros da meta, o dia ganhou contornos dramáticos com a confirmação do abandono de João Almeida. O português, um dos homens-chave da UAE Team Emirates, sucumbiu às dores de uma costela fraturada sofrida na etapa 7. A perda será significativa para Tadej Pogacar, que fica assim sem o seu principal apoio nas etapas mais duras.

O próprio Pogacar não teve vida fácil. Pouco depois, os ventos laterais começaram a marcar presença e o pelotão partiu-se. A Team Picnic PostNL sofreu com a movimentação, e Oscar Onley, 7.º da geral, perdeu o comboio principal. Graças ao esforço coletivo da formação neerlandesa, o escocês conseguiu recuperar a posição no pelotão pouco depois.

Na frente, a margem da fuga de Van der Poel e Rickaert ia encolhendo. A 50 quilómetros da meta, restavam-lhes 2:25 de vantagem. O momento decisivo deu-se a 30 quilómetros do fim, quando a Team Visma | Lease a Bike, com Jonas Vingegaard a trabalhar de forma surpreendente, assumiu o comando do grupo principal e mexeu na corrida. Pogacar ficou isolado com apenas Tim Wellens a seu lado, e o grupo voltou a ficar cortado.

O esforço da Visma teve também impacto direto na frente da corrida. A diferença foi reduzida para 30 segundos a 25 quilómetros do fim. No entanto, quando os neerlandeses abrandaram o ritmo, o pelotão reorganizou-se ligeiramente, e Van der Poel e Rickaert conseguiram voltar a distanciar-se até pouco mais de um minuto, a 19 quilómetros da meta.

O belga Rickaert acabou por ceder a 6 quilómetros do fim, deixando Van der Poel sozinho a resistir com bravura. A 3 quilómetros da meta, a vantagem era de apenas 15 segundos e, apesar de todos os esforços, o holandês foi finalmente alcançado dentro do último quilómetro.

Com Van der Poel neutralizado, o sprint foi lançado em condições caóticas. Tim Merlier soube posicionar-se melhor na desorganização e impôs-se por escassa margem a Jonathan Milan e Arnaud De Lie, alcançando o seu segundo triunfo nesta edição da Volta a França. Ainda assim, o grande nome do dia foi Van der Poel, cujo brilharete mereceu reconhecimento unânime, mesmo que não tenha sido recompensado com uma vitória.