Na Bélgica pede-se que a Visma deixe Wout van Aert correr à vontade na Volta a França 2025: "Poderia ganhar as primeiras dez etapas"

Ciclismo
quarta-feira, 02 julho 2025 a 21:30
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Em 2025, Wout van Aert voltou a mostrar o seu valor como elemento-chave de uma estrutura de topo, desempenhando um papel determinante na conquista da Volta a Itália por Simon Yates, em representação da Team Visma | Lease a Bike. O belga foi uma peça fulcral ao longo das três semanas, assumindo responsabilidades múltiplas com a habitual generosidade e capacidade física. No entanto, com a Volta a França à porta, subsistem muitas dúvidas quanto ao papel que Van Aert irá assumir na principal prova do calendário.
No passado, Van Aert já demonstrou ser capaz de conciliar objetivos próprios com uma entrega total à causa coletiva. Em 2022, por exemplo, assinou uma das exibições mais completas da história recente da Grande Volta francesa, ao conquistar etapas em vários tipos de terrenos, assegurar a Camisola Verde e ainda funcionar como pedra base para a vitória na geral de Jonas Vingegaard. Contudo, as edições mais recentes revelaram uma alteração de foco: o belga tem-se consolidado cada vez mais como super-domestique de luxo, ao ponto de não ter vencido qualquer etapa nas duas últimas participações no Tour.
“O Wout é alguém que está sempre disposto a trabalhar para a equipa”, analisou Sep Vanmarcke no podcast Sporza Daily. “Mas é essencial que também lhe sejam dadas oportunidades, ele tem demasiado talento para ser apenas um apoio. Precisa de disputar alguns sprints, só para manter o instinto competitivo.”
Wout van Aert tem sido uma arma valiosa para Jonas Vingegaard durante anos na Volta a França
Wout van Aert tem sido uma arma valiosa para Jonas Vingegaard durante anos na Volta a França
Vanmarcke não poupou elogios ao compatriota: “Se ele fosse o líder único, poderia lutar pelas primeiras dez etapas. Mas essas etapas iniciais, com subidas curtas e traiçoeiras, são também perigosas para Vingegaard. É nelas que se podem perder posições ou segundos importantes. A questão é: a Visma vai dar liberdade a Van Aert? ou vai mantê-lo colado ao Jonas até a geral estabilizar? É difícil de dizer.”
Também Maarten Vangramberen, parceiro de Vanmarcke no podcast, vê Van Aert cada vez mais confinado ao papel de escudeiro. “As vitórias em etapas e a luta pela Camisola Verde serão, claramente, objetivos secundários para a equipa. Se ele pudesse correr exclusivamente para si próprio, não só venceria etapas, como estaria em condições ideais para conquistar a classificação por pontos. Mas a realidade é outra, Van Aert vai assumir novamente o papel de super-domestique.”
E acrescenta: “É como ter dois ciclistas num só. Ele é alguém que serve em qualquer contexto da corrida, do pavé à alta montanha. E, mesmo assim, acredito que haverão momentos em que vai atacar, com Vingegaard na sua roda. Numa jogada dessas, pode muito bem assinar mais uma vitória de etapa. Claro que a equipa também dispõe de Affini, Benoot e Campenaerts, todos com capacidade para preencher eventuais lacunas. Por isso, Wout poderá ter alguma margem de manobra, mas não em todas as etapas.”
A gestão interna da Visma será, portanto, decisiva. A capacidade de equilíbrio entre liberdade individual e compromisso coletivo definirá o lugar que Van Aert poderá ocupar na edição de 2025 da Volta a França. Afinal, estamos a falar de um dos corredores mais versáteis e completos da sua geração, cuja influência ultrapassa em muito a estatística das vitórias.
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