"Não é algo que se planeie ou se persiga" - O ciclista que continua a competir profissionalmente... aos 50 anos

Ciclismo
sábado, 06 dezembro 2025 a 5:00
Carreira interminável de Paco Mancebo (Imago)
Francisco Mancebo estreou-se como profissional antes de muitos dos atuais corredores nascerem e entrará no seu 50º ano de vida ainda a competir, ao assinar pela chinesa Pingtan International Tourism Island Cycling Team para 2026, revertendo a decisão de se retirar no final da temporada.
“Quando começas como profissional, pensas que te vais retirar aos 32 ou 33, que era quando as pessoas costumavam parar. Agora a carreira dura mais, mas, ainda assim, 50 é muito… Mas não, aconteceu porque tinha de acontecer. Não é algo que planeies ou tenhas como objetivo”, disse o veterano à Domestique, a partir do Japão, refletindo sobre uma carreira por vezes controversa que já leva três décadas.
“Bem, obviamente, a minha carreira ficou marcada pela Operación Puerto. Foi um ponto de viragem”, explicou o espanhol, depois de a sua AG2R o ter despedido quando foi retirado da Volta a França de 2006 na véspera da partida. Apesar de nunca ter sido acusado, o antigo vencedor da classificação da juventude da Volta a França nunca voltou ao mais alto nível, com a Relax a falhar um convite para a Volta a Espanha no ano seguinte.
“Foi duro na altura, porque não houve suspensão, mas nos bastidores houve pressão da UCI e dos organizadores, e não nos deixaram correr”, recorda. “Essa é a hipocrisia do ciclismo, e muitas das mesmas pessoas que lá estavam então continuam lá agora, por isso pouco mudou. Mas hoje vejo isso apenas como algo que nos aconteceu”.
Mancebo acredita que esteve perto de regressar com a Movistar Team em 2012, embora o acordo nunca tenha avançado. “[Eusebio Unzué] usou os patrocinadores como desculpa. Não sei se era verdade ou não. Mas foi a última vez que tentei voltar ao ProTour”.
Mancebo passara as duas épocas anteriores na Rock Racing, a polémica equipa do americano Michael Ball, ao lado de nomes como Oscar Sevilla e Tyler Hamilton. “O Michael Ball era um bocadinho louco. Tinha muito dinheiro, ou pelo menos parecia ter muito dinheiro, e a sua loucura arrastou a equipa com ele”, reflete.
“O equipamento era chamativo, com caveiras e ossos, e tudo era tão extravagante. Mas também era muito profissional. Provavelmente foi a equipa onde mais me diverti em toda a minha vida, onde mais prazer tive. E os resultados também foram bons”.
Quase duas décadas depois, e após seis temporadas na japonesa Matrix Powertag, o corredor de 49 anos ruma à China para um novo desafio, depois de se tornar o vencedor mais velho de uma corrida profissional no início de 2025. “Surgiu esta oportunidade na China e estou muito feliz, uma nova experiência, uma nova equipa, nova motivação. É tudo bom para a cabeça. Conheci o diretor há poucos dias, por isso estou a integrar-me na equipa aos poucos”, apresentou Mancebo, cujo programa deverá centrar-se maioritariamente no país da equipa, com possibilidades de competir nas Filipinas e no Uzbequistão.
Com a idade a não aparentar ser barreira, o espanhol recusou apontar uma data para a reforma, insistindo que serão as pernas a decidir. “Não há data definida: gostava de continuar enquanto puder. Mas é complicado, claro. Ainda assim, espero fazer bem este ano e seguir até 2027”.
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