A Bahrain-Victorious divulgou hoje o seu alinhamento para o
Critérium du Dauphiné e,
pelas declarações da equipa,
Lenny Martinez será o líder único, mas desconfio um pouco destas intenções, terão que me provar o contrário na estrada.
Alinhamento da Bahrain-Victorious para o Critérium du Dauphiné
Lenny Martinez
Fred Wright
Kamil Gradek
Robert Stannard
Torstein Traaen
Lenny Martínez tem sido o melhor ciclista francês esta temporada
Lenny Martinez é líder, disso não há dúvida nenhuma e das corridas por etapas que fez, esta é, a par da Volta à Catalunha, a que tem o percurso mais favorável às suas características. Nessa circunstância foi 5º na geral, foi também 2º na Volta à Romandia, apenas batido por João Almeida, destaco ainda o 4º lugar na Fleche Wallone e a vitória de etapa no Paris-Nice, acredito que termine no top 10 desta corrida.
Buitrago é o plano B, é minha convicção, é um ciclista muito regular, raramente fecha fora do top 20 numa corrida por etapas, este ano ganhou a Volta à Comunidade Valenciana, foi 2º nos Alpes Marítimos e foi 13º na Volta ao País Basco, deverá assumir um papel mais secundário, mas duvido que a Bahrain o queime, a não ser que já esteja muito afastado e, nesse cenário, pode também ser um perigo para ganhar uma etapa.
Haig e Traeen completam o bloco da montanha, dois ciclistas experientes, muito sólidos a impor ritmos fortes e consistentes em subidas duras.
Stannard e Wright são os mais rápidos deste bloco, os finais mais duros podem afastar alguns sprinters e ajudá-los a estar mais perto da discussão, mas não espero vitórias de nenhum deles, vejamos como se coordenam. Gradek é o capitão de equipa.
Outra das equipas muito faladas no dia de hoje foi a
Lidl-Trek, q
ue não vai alinhar com Mattias Skjelmose e foca todas as atenções em
Jonathan Milan, no intuito de consolidar o estatuto de 2ª equipa mais vitoriosa do ano.
Alinhamento da Lidl-Trek para o Critérium du Dauphiné
Jonathan Milan
Toms Skujins
Julien Bernard
Amanuel Ghebreigzabhier
Edward Theuns
Dificilmente Milan podia pedir uma equipa mais à sua disposição. O italiano é claramente o melhor sprinter em competição, o problema é que as chegadas rápidas estão muito caras neste Dauphiné. Diria que tem 2 oportunidades claras, as restantes dependem do ritmo e das intenções das outras equipas, mas Milan tem aqui chances de aumentar o seu número de vitórias em 2025 e chegar ao Tour com a confiança em alta.
Consonni e Stuyven deverão ser os lançadores de Milan, especialmente o italiano, com quem tem formado uma dupla fantástica, que já vem desde a pista. Theuns deverá pegar no comboio nos últimos 2kms e com este quarteto, têm o lead out mais forte da competição, de longe.
Os restantes elementos vão trabalhar para controlar as fugas, são motores incansáveis.
Outra formação a divulgar os seus eleitos para esta corrida hoje foi a
Decathlon AG2R La Mondiale Team, uma formação da casa, que tem feito uma boa temporada e traz aqui um misto de juventude e experiência, responsável por tentar devolver a vitória a esta equipa aqui, algo que foge desde 2015, na altura com Romain Bardet.
Alinhamento da Decathlon AG2R La Mondiale Team para o Critérium du Dauphiné
Bruno Armirail
Jordan Labrosse
Oliver Naesen
Bastien Tronchon
Um alinhamento quase 100% francês, a exceção é Naesen, que avança para a 9ª participação no Dauphiné e poderá conseguir 1 ou outro top 10 face à ausência de sprinters puros. O grande foco de interesse é Paul Seixas, o jovem de 18 anos deu nas vistas na Volta aos Alpes, onde quase ganhou uma etapa e terminou em 12º na geral, terá liberdade total para procurar o seu resultado neste Dauphiné e aposto numa vitória de etapa!
Berthet pode mesmo ser a melhor carta na geral, foi 2º na Volta à Andaluzia e 11º na Volta ao País Basco, aqui sobe o nível, por isso espero um top 15 final. Tronchon e Paret-Peintre são dois trepadores explosivos, podem atacar a qualquer momento e baralhar as contas.
Armirail estará de olho no contrarrelógio, é duro como bem gosta, um top 10 seria um bom resultado. Este ano, temos visto outra vertente interessante do francês, a luta pelas classificações da montanha, ganhou na Volta ao País Basco, foi 3º na Volta à Catalunha, quem sabe se não poderá ser um objetivo aqui.
Labrosse fecha o alinhamento, um ciclista bastante completo, bom em contrarrelógios, na média montanha e com algum punch.
A última equipa de vou falar neste artigo é a
Movistar Team, formação onde irá correr o único português em prova,
Ruben Guerreiro. O líder é
Enric Mas, que tem aqui um teste muito importante para a
Volta a França.
Alinhamento da Movistar Team para o Critérium du Dauphiné
Enric Mas
Ruben Guerreiro
Michel Hessmann
Gregor Muhlberger
Antonio Pedrero
Jorge Arcas
All-in para Enric Mas e, diga-se, em abono da verdade, que seria díficil imaginar outro cenário. Esta será a 6ª presença no Dauphiné para o espanhol, a grande diferença face a outras temporadas é que chega aqui depois de uma excelente primavera, algo que não é muito comum nele - foi 3º na Volta à Catalunha e 2º na Volta ao País Basco, o que dá reais expectativas aos fãs espanhóis que pode finalmente conseguir um top 10 no Dauphiné e acredito que o conseguirá, mas longe do pódio.
Saúda-se o regresso de Ruben Guerreiro às grandes corridas, a participação no Tour depende muito do que fizer aqui, onde deverá ser o braço direito de Mas. Em 2025, leva 4 top 10 e mais alguns top 20 e somou importantes dias de competição em maio. Muhlberger e Pedrero são bons trepadores, experientes, ciclistas fiáveis para Enric Mas, que também deverão estar daqui a um mês em Lille para a partida da Grand Boucle.
Outra ajuda importante na montanha poderá vir de Iván Romeo, que tem evoluído muito nesse campo este ano, como provam o 8º lugar na Volta à Comunidade Valenciana, 4º no UAE Tour e 21º no Paris-NIce, sem esquecer o contrarrelógio, especialidade do jovem espanhol e, onde, certamente, quererá brilhar. Hessmann e Arcas vão proteger o líder em dias de vento e na média montanha.
Original: Miguel Marques