O reduzido número de ciclistas na prova de estrada deverá permanecer inalterado nos Jogos Olímpicos de 2028: "É ridículo, porque não se vai conseguir ter todos os melhores ciclistas à partida"

Para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, o número de participantes na prova masculina de estrada foi reduzido para apenas 90 ciclistas, numa tentativa de igualar o número de vagas disponíveis na corrida feminina. A medida, embora elogiada por alguns pela busca da paridade, foi recebida com amargura por várias nações com forte tradição no ciclismo, como a Bélgica e os Países Baixos.

Apesar das críticas, não está prevista qualquer alteração para os Jogos de Los Angeles 2028, como se pode verificar no programa provisório já divulgado pelo Comité Olímpico Internacional.

Curiosamente, Remco Evenepoel acabou por beneficiar das regras mais flexíveis em relação à participação em múltiplas disciplinas, ao conseguir uma impressionante dobradinha olímpica. No entanto, este feito não foi suficiente para silenciar as vozes críticas.

Um dos mais vocalizados foi Wout Poels, que ficou de fora da seleção neerlandesa para Paris e não escondeu a sua frustração:

"Acho que é ridículo o que fizeram com o número de lugares", afirmou ao Global Cycling Network em dezembro de 2023. “Hoje em dia até o breakdance é olímpico... e, no entanto, limitam a participação numa disciplina com tanta história como o ciclismo. Nos últimos dez anos, vimos uma crescente valorização dos Jogos Olímpicos por parte dos ciclistas, e agora estão a criar regras que tornam a prova menos competitiva".

O ciclista holandês aponta ainda o dedo à inclusão de países sem tradição na modalidade:

“Não vamos ter os melhores ciclistas à partida. Em vez disso, há nações que garantem lugares para atletas que não conseguem aguentar sequer os primeiros dez quilómetros. É uma ideia olímpica bem-intencionada, mas que não funciona. Um pelotão com apenas 90 ciclistas retira brilho e exigência à corrida".

Com as quotas mantidas para 2028, a discussão sobre o equilíbrio entre universalidade e qualidade promete continuar a marcar o debate nas provas de ciclismo dos Jogos Olímpicos.