Com o final da época e a maioria do pelotão já em modo de férias, há ciclistas do World Tour que continuam a lutar para continuarem a sua carreira. Um desses casos é o de
James Shaw, britânico de 29 anos que após quatro temporadas com a EF Education–EasyPost, ainda não tem contrato para 2026 mas garante que ainda não pensa em pendurar a bicicleta.
Formado na Lotto Soudal, Shaw tornou-se profissional em 2017, mas a sua carreira tem sido marcada por altos e baixos. Depois de não ter conseguido renovar em 2018, só regressou ao pelotão internacional em fevereiro de 2019, com a SwiftCarbon Pro Cycling, uma das poucas equipas britânicas a oferecer oportunidades a ciclistas nacionais.
“Com o passar dos anos, as equipas britânicas capazes de reunir talentos nacionais foram desaparecendo”, recorda Shaw, que voltou ao World Tour em 2022, já com a EF Education–EasyPost. Três anos depois, volta a enfrentar o mesmo dilema: o futuro é incerto e o tempo escasseia.
“81 dias de corrida, 12.000 km e muitas quedas”
Numa
publicação nas redes sociais, o britânico fez um balanço honesto da época de 2025: “É uma legenda mais longa do que o habitual, por isso persistam. 81 dias de corrida, 12.000 km, duas Grande Voltas, o meu primeiro Giro, e um bom contacto com o asfalto. Um pequeno pódio no Tour de Pays de la Loire, em abril, e um top 10 numa etapa da Vuelta.”
Apesar de ainda não ter conquistado uma vitória como profissional, Shaw tem mostrado consistência. É um trepador sólido e puncheur combativo, conhecido pelo trabalho em fugas. Em 2023, destacou-se na etapa de Cauterets da Volta a França, quando integrou a fuga que seria apanhada por Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard, terminando em 5.º lugar.
Mais recentemente, foi 6.º numa etapa da Vuelta 2025 e 2.º no Tour Région Pays de la Loire, apenas batido por Kévin Vauquelin. Com cinco Grandes Voltas e participações em Monumentos, construiu um currículo que reflete solidez, mesmo sem alcançar vitórias.
Shaw vestiu as cores da EF Education-EasyPost durante quatro anos.
Um mercado saturado e poucas portas abertas
A situação de Shaw é um retrato das dificuldades no actual mercado de transferências. A extinção da Arkéa–B&B Hotels e a fusão entre a Intermarché–Wanty e a Lotto reduziram o número de equipas World Tour e, consequentemente, o número de lugares disponíveis.
“Agora vem a resposta embaraçosa à pergunta que tenho evitado quando me enviam mensagens diretas”, escreveu. “Em 2026, não sei onde vou estar nem o que vou fazer. Mais uma vez, encontro-me a bordo do navio dos ciclistas à procura de contrato.”
“Descobri que ainda quero isto mais do que nunca”
Apesar das incertezas, Shaw garante que a chama continua acesa. “Pessoalmente, nunca me senti tão motivado e entusiasmado para continuar a correr, algo que pensei estar a perder-se com a idade. Mas descobri o contrário. Sei o que é perder uma carreira de sonho e voltar a ganhá-la.”
O britânico termina com ironia e esperança. “Se houver alguma equipa à procura de um ciclista, entrem em contacto. Obrigado a quem leu até ao fim, devem ter muito tempo livre.”