"Queriam prendê-lo ao contrato com a Intermarché": Bruyneel e Martin analisam a contratação mais mediática da NSN Cycling Team

Biniam Girmay mudou recentemente de equipa e vai correr pela NSN Cycling Team (antiga Israel - Premier Tech) a partir de 2026. O sprinter eritreu procura relançar a carreira após uma época sem vitórias e abaixo das expectativas, com o objetivo de reencontrar a melhor forma na nova estrutura.

No mais recente episódio do podcast Move, os anfitriões Johan Bruyneel e Spencer Martin analisaram a transferência de alto perfil de Girmay.

Bruyneel sugeriu que o entendimento ficou praticamente fechado antes do rebranding da equipa. “Acho que o acordo já estava quase feito quando a equipa ainda se chamava Israel - Premier Tech. Depois, imagino que tenha ficado um pouco em standby por tudo o que aconteceu e também porque a Intermarché, ao que parece, tentou dificultar a vida ao Girmay. Basicamente, queriam prendê-lo ao contrato com a Intermarché”.

Segundo Bruyneel, o desfecho era esperado há algum tempo, uma vez que os rumores que ligavam Girmay à equipa circulavam há bastante. “Creio que já há alguns meses era claro que o Biniam Girmay iria para lá… Acho que é um nome bastante forte para essa equipa”.

“Ainda assim, é justo dizer que o Biniam Girmay não teve a melhor época em 2025, depois de um 2024 extraordinário com três vitórias em etapas no Tour e a camisola verde. Mas é uma figura, muito reconhecida… Penso que é uma boa jogada para ambas as partes”.

Martin argumentou que o contrato do eritreu tornava a decisão inevitável. “A Intermarché estava, na prática, a fechar portas, portanto ele teria de ir para outra equipa de qualquer forma. Mais vale ir para a equipa que te vai pagar mais de dois milhões de euros por ano. Gosto desta mudança para ambos. Dá à NSN uma identidade muito necessária logo à partida”.

No entanto, Girmay terminou 2025 sem vitórias, algo que levanta questões, segundo o analista norte-americano. “Ele não ganhou uma corrida em 2025. Não é ideal para um corredor a quem vais pagar tanto dinheiro. Ainda assim, é um ótimo negócio para ele”.

Bruyneel sublinhou que, do ponto de vista do corredor, o acordo faz todo o sentido. “Acho que é um excelente negócio para ele. Se consegues um contrato assim, muito lucrativo, após uma época longe do nível, é ótimo. Se ficasse na Lotto ou na nova equipa Lotto-Intermarché, não teriam meios para se aproximar desse valor… especialmente porque já têm o Arnaud De Lie, que está com um grande contrato”.

Bruyneel reconheceu alguma incerteza, mas mostrou confiança no potencial do corredor de 25 anos, defendendo que pode voltar à forma de 2024. “Preocupações? Sim, ele é jovem, por isso não sei exatamente porque rendeu menos este ano. Rendeu abaixo este ano? Tinha rendido acima no ano passado? Não sabemos. É claramente talentoso e consigo vê-lo recuperar. Aliás, consigo vê-lo ganhar corridas”.

Ainda assim, deixou um alerta para a crescente intensidade da modalidade. “Hoje em dia, no ciclismo, tudo evolui a um ritmo tão acelerado que, quando estás fora, é melhor não ficares muito tempo, porque surgem novos talentos constantemente. E, quando dás por ti, estás um e meio, dois por cento abaixo do que eras e deixas de ser competitivo”, concluiu.