Tadej Pogacar é o ciclista com mais vitórias no historial da UAE – mas quem mais se aproxima? E em que posição está João Almeida?

A UAE Team Emirates - XRG é hoje uma equipa extremamente bem-sucedida, a mais ganhadora do pelotão moderno, apesar de ser relativamente recente. Não carrega a história de formações como a Visma, a INEOS ou a Movistar, mas reúne vencedores de topo em todas as frentes. Quem são, então, os ciclistas que mais triunfos somam desde a criação da equipa no formato atual, em 2017?

Em terceiro lugar, ex aequo, estão três corredores, todos em contextos diferentes. Brandon McNulty, um homem de corridas por etapas; Marc Hirschi, um especialista de clássicas que deixou a equipa no ano passado; e o jovem trepador Isaac del Toro, todos com 21 vitórias. McNulty, o norte-americano, tem uma vitória num contrarrelógio coletivo que não entra no registo individual e ergueu os braços por 20 vezes. Várias delas não em etapas isoladas, já que é um natural corredor de etapas e venceu provas como a Volta à Polónia, a Volta ao Luxemburgo, a Volta à Comunidade Valenciana e o Cro Race por duas vezes. Excelente contra o cronómetro, forte a subir e com traquejo de clássicas, a versatilidade favorece-o. Muitos dos seus triunfos de maior qualidade chegaram nas duas últimas épocas, quando teve liberdade em corridas de menor estatuto e correspondeu. Tudo isto a par do trabalho de gregário.

Hirschi correu pela equipa entre 2021 e 2024, mas nesse período somou igualmente 21 vitórias. Em 2024 foi-lhe dado um calendário mais modesto (tendência nesta lista) para somar triunfos e pontos UCI. Em 2025 percebeu-se porquê: a equipa bateu recordes em série. Ainda assim, as vitórias de Hirschi não foram de baixo nível; no palmarés estão clássicas World Tour como San Sebastián e Bretanha, um título nacional e várias corridas de um dia. Um puncheur de qualidade, brilhou especialmente em 2024 quando, além das duas provas World Tour, adicionou mais sete êxitos.

Del Toro, por seu lado, brilhou extensamente em 2025. Abriu a conta com um triunfo World Tour logo no primeiro dia como profissional, no Tour Down Under de 2024, e depois venceu etapa e geral da Volta às Asturias. Os restantes 18 triunfos chegaram em 2025, incluindo uma dupla coroa nacional, uma vitória na Volta a Itália (faltou-lhe a geral, que o colocaria acima dos dois colegas) e nada menos do que, entre outras, sete clássicas italianas no final da época. Com um calendário contido e pernas tremendas, o mexicano varreu o calendário italiano este outono. E não foram apenas números: a vitória no Giro dell’Emilia é prova disso.

O italiano de 36 anos detém um recorde muito particular: é o corredor em atividade que venceu durante mais anos consecutivos. Ganhou todos os anos desde que se tornou profissional, em 2010, na Lampre, equipa que mais tarde viria a dar lugar à UAE. Muitos dos grandes triunfos chegaram antes de 2017, mas Ulissi continuou a vencer entre 2017 e 2024, sendo também o segundo ciclista com mais anos de ligação à equipa.

São 23, para ser exato, incluindo uma edição do GP de Montréal; duas etapas na Volta a Itália em 2020; três triunfos World Tour na Volta à Turquia e na Volta à Suíça; gerais na Volta à Eslovénia, Volta ao Luxemburgo, Settimana Ciclista Italiana e Volta à Áustria; entre várias outras...

Vencedor comprovado, Ulissi teve um calendário mais modesto nos últimos anos e não ganha no World Tour desde 2020, mas não abrandou no rigor de preparação e continuou a contribuir para o sucesso da equipa até à saída.

Pogacar é a versão moderna de Eddy Merckx. No seu palmarés constam 108 vitórias, 105 delas pela equipa. Este número não inclui os títulos mundiais de Zurique e Kigali, nem o primeiro título europeu em Drôme-Ardèche obtido este outono. Esses foram pela seleção eslovena. Pogacar tem 27 anos e é, de longe, o maior motor do sucesso da UAE em praticamente todos os parâmetros. Em vitórias, não é exceção: todos os seus triunfos como profissional foram obtidos desde que se juntou à equipa em 2019. Nessa altura já tinha ganho o Tour de l’Avenir e a geral do Giro della Regione Friuli Venezia, mas o seu primeiro triunfo profissional amplamente reconhecido é a etapa da Volta ao Algarve 2019 no Alto da Fóia. Aí também conquistou a sua primeira geral.

O resto é história. Pogacar termina 2025 com dois títulos mundiais; um título europeu de estrada; quatro gerais da Volta a França (e 21 etapas); uma geral da Volta a Itália (e 6 etapas); cinco Il Lombardia, três Liège-Bastogne-Liège e duas Volta à Flandres, que perfazem dez Monumentos; três Strade Bianche; duas Flèche Wallonne... A lista continua e continua...

É até mais fácil listar o que Pogacar ainda não ganhou. Por exemplo, Milan-Sanremo e Paris-Roubaix, corridas em que subiu ao pódio esta primavera e às quais deverá regressar no próximo ano para tentar completar a coleção de Monumentos, objetivo muito realista, travado este ano apenas por Mathieu van der Poel.

Pogacar vence praticamente em todo o lado e este ano voltou a fazê-lo em cerca de 20 ocasiões, sendo amplamente considerado o melhor do pelotão desde 2021. Assim, já ultrapassou a barreira das 100 vitórias como profissional, a maioria em nível World Tour. A grande questão é onde este número vai parar, quanto mais poderá vencer e que recordes conseguirá ainda derrubar antes de um dia pendurar a bicicleta.

Nota ainda para João Almeida, que, com 4 temporadas ao serviço da equipa, já soma 19 triunfos (incluindo 2 contrarrelógios coletivos), o que o coloca no top 10 de ciclistas com mais vitórias pela Emirates.