O Palau Martorell, situado junto ao porto de Barcelona e muito perto das telas de Sorolla ali expostas (uma alusão inevitável ao recente estágio da equipa em Dénia), foi o palco escolhido para a apresentação da
NSN Cycling Team, herdeira direta da controversa Israel - Premier Tech. Agora, sob a licença adquirida pela NSN, empresa da qual o ex-futebolista Andrés Iniesta é sócio, a estrutura inicia uma etapa focada em construir identidade própria e deixar para trás rótulos do passado.
Iniesta
evocou memórias de infância ligadas ao ciclismo: “O ciclismo fez parte da minha geração. Lembro tardes inteiras com o meu avô a ver a
Volta a França, a Volta a Itália e a Volta a Espanha, com referências como Induráin, Contador ou Samuel Sánchez”.
Para o espanhol, a apresentação é “um passo muito importante a todos os níveis”. Sublinhou o entusiasmo e a ambição com que a organização abraça este novo projeto: “Espero que possamos fazer coisas bonitas e que as pessoas desfrutem”.
Com entrada direta no WorldTour, licença suíça e base operacional em Girona, a liderança desportiva
recairá sobre Biniam Girmay, considerado o melhor ciclista africano dos últimos cinco anos e vencedor de três etapas na Volta a França.
“É a melhor equipa que podia encontrar para as minhas caraterísticas”, disse o eritreu, encantado por partilhar projeto com “uma lenda” como Iniesta. “Temos grande potencial; queremos vencer etapas da Volta a França”, acrescentou.
Do lado da direção desportiva, Kjell Carlström, que já desempenhava este papel na Israel - Premier Tech, realçou a capacidade de liderança de Girmay e garantiu que esta fase representa “o grande início de uma nova era”.
“Queremos ganhar, não há dúvida. E estar bem em Barcelona e na Volta a França”, vincou.
Andrés Iniesta, um dos proprietários da NSN Cycling Team
Encontro de culturas
A equipa reivindica uma identidade diversa. “Somos uma equipa multicultural, com muitas nacionalidades, e esse é um dos nossos valores”, insistiu Carlström. Os corredores Jake Stewart e Pau Martí, este último promovido da equipa de desenvolvimento
e vencedor de uma etapa na Volta a Portugal, apresentaram a nova camisola, inspirada tanto em Barcelona como no projeto solidário da equipa no Ruanda, o Racing for Change.
A licença suíça explica-se pela ligação ao fundo Stoneweg, cujo CEO, Jaume Sabater, sublinhou a ambição do projeto: “Entramos ao mais alto nível, pela porta grande, com algo único e inesperado, e com o aliciante do Grand Départ da Volta a França em Barcelona”.
Em paralelo, o presidente da NSN, Joel Borràs, definiu o momento como “um sonho”. “Queremos ligar o ciclismo a nível global e levar a nossa forma de interpretar a modalidade”, afirmou.
Iniesta, entre a ilusão e o trabalho de equipa
Questionado sobre a sua presença nas corridas, Iniesta brincou: “No carro, sim. Vou ter de treinar, porque eles são muito fortes”.
Mais a sério, explicou os objetivos da equipa: “Não gosto de pedir nada. Trata-se de trabalhar em equipa, melhorar, ser competitivo e melhor a cada dia. O ciclismo ensina que só um vence, mas trabalhar juntos deixa todos orgulhosos”.
O presidente da Câmara de Barcelona, Jaume Collboni, destacou o papel da cidade como epicentro do ciclismo mundial em 2026: “A Grand Départ será um sonho tornado realidade. Barcelona e ciclismo são uma combinação imbatível”.
Collboni agradeceu especialmente o compromisso de Iniesta: “Levou o nome de Barcelona pelo mundo e agora volta a apostar nesta cidade. A Grand Départ terá uma equipa nascida em Barcelona”.