Teremos mais Mathieu "Verde" Poel no Tour depois do sucesso do Dauphiné? "Penso que é um objetivo para ele"

Ciclismo
terça-feira, 17 junho 2025 a 23:00
van der poel
Mathieu van der Poel tem legítimas aspirações a vestir a camisola amarela nos primeiros dias da próxima Volta a França, sobretudo com o arranque em terreno mais acessível no norte do país. Mas os seus objetivos podem ir além disso. A camisola verde, atribuída ao ciclista mais regular na classificação por pontos, surge como uma hipótese real, ainda que condicionada pelo seu papel tático dentro da Alpecin-Deceuninck, onde tem sido peça-chave no comboio de Jasper Philipsen.
No podcast Kop over Kop, do Eurosport, o tema foi abordado com algum cepticismo e curiosidade. Jan Hermsen destacou a boa forma de Van der Poel no Critérium du Dauphiné, lembrando os treinos específicos em paralelos e a sua agressividade na corrida. Ainda assim, a incerteza paira sobre a hierarquia interna. “Não sei quais são as ambições de Philipsen. Ele vai claramente atrás de vitórias em etapas, mas estará ele também a apontar à camisola verde?”, questionou Hermsen.
A hipótese de Van der Poel acumular funções não é descartada. Como referiu Bobbie Traksel durante uma emissão, o neerlandês pode muito bem lançar Philipsen e, mesmo assim, terminar nos lugares cimeiros. “Pode fazer o sprint para o Philipsen, e ainda acabar em quinto ou sexto. Penso que é um objetivo que surgiu de forma espontânea, e será interessante ver como a Alpecin-Deceuninck vai gerir esse equilíbrio”, admitiu Hermsen.
Mathieu van der Poel e Jasper Philipsen serão as figuras da Alpecin na Volta a França
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Já Jeroen Vanbelleghem foi mais cauteloso. Para ele, a teoria não encaixa tão bem na prática. “Não se pode ganhar a camisola verde se não se disputar sprints em etapas planas. E fazer um sprint a sério depois de fazer um lançamento não é assim tão simples. Parece fácil, mas não é”, argumentou.
O caso de Wout van Aert, que em 2022 conquistou a camisola verde enquanto dividia funções dentro da Jumbo-Visma, é citado como possível precedente. Contudo, a comparação tem limites. “Van Aert também ganhou sprints”, lembra Vanbelleghem. “Van der Poel pode vencer uma etapa, mas ganhar a verde? Duvido. Se estás a lançar o Philipsen para os sprints, não podes lutar pela camisola verde.”
O perfil da primeira semana da Volta a França poderá, ainda assim, favorecer uma abordagem ambiciosa por parte do neerlandês. Etapas como a segunda, quarta, sexta e sétima parecem moldadas para o seu estilo explosivo, com finais técnicos e exigentes onde Van der Poel se sente confortável. A forma mostrada no Dauphiné, sobretudo no contrarrelógio, também sugere que pode capitalizar em terrenos mais versáteis e não depender apenas dos finais ao sprint.
Tudo dependerá da liberdade tática que lhe for concedida. Se Philipsen continuar a ser o líder declarado para os sprints massivos, Van der Poel terá de encontrar outras vias para acumular pontos, fugas, bonificações e etapas mais acidentadas. E mesmo aí, terá pela frente concorrência de peso, incluindo Tadej Pogacar, que também costuma somar pontos em etapas com finais explosivos.
A camisola verde parece estar ao alcance de Van der Poel em termos de capacidade física e versatilidade. Mas num cenário em que a hierarquia da Alpecin-Deceuninck lhe exige sacrifícios, o grande obstáculo poderá não estar nas pernas, mas sim na estratégia da equipa.
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