Thijs Zonneveld sobre Mathieu van der Poel na Flandres: "Correu para ganhar e pagou o preço. Quis acompanhar o Pogacar e rebentou"

Thijs Zonneveld, uma das vozes mais respeitadas do comentário ciclístico nos Países Baixos, não poupou críticas à atuação de Mathieu van der Poel na última Volta à Flandres. Para o analista, o Campeão do Mundo perdeu a corrida ao tentar seguir Tadej Pogacar com o coração em vez da cabeça, quando uma abordagem mais táctica poderia ter-lhe valido um resultado melhor.

"O Van der Poel apanhou-o rapidamente e voltou à roda dele, numa demonstração de força impressionante. Mas isso desgastou-o", afirmou Zonneveld no podcast In de Waaier, referindo-se à segunda passagem pelo Oude Kwaremont. "Ou ele seguia com Pogacar desde o início, ou posicionava-se melhor. Assim, ficou na terra de ninguém."

Também no Oude Kruisberg, onde Van der Poel e Pogacar deixaram Mads Pedersen para trás, Zonneveld detectou sinais de precipitação: "Aí também se notou que estava a correr com excesso de força. Ele pode dizer que esteve sempre no limite, mas está habituado a correr com sobras. Talvez tenha querido mostrar que estava bem, fechando as diferenças rapidamente, mas pagou o preço. Acabou por gerir mal os seus recursos."

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Na última ascensão ao Kwaremont, Van der Poel quebrou e foi alcançado pelo grupo de Wout van Aert, que soube controlar melhor o ritmo. "Van Aert tem mais experiência em sofrer, em aguentar, em não entrar em pânico quando está atrás. O Van der Poel não está habituado a descolar. E isso notou-se."

"Ele dá sempre a impressão de dominar tudo: é poderoso, agressivo, tem tudo sobre controlo. Mas quando Pogacar impõe o seu ritmo, é demasiado para todos. O Mathieu rebentou. Cabeça baixa, braços a balançar e a diferença a aumentar."

Zonneveld acredita que, depois disso, ninguém no grupo perseguidor acreditava que fosse possível alcançar Pogacar. "Corriam para o segundo lugar. O Van der Poel travou um duelo directo com Pogacar. Correu para ganhar. Os outros correram para não perder. E isso diz tudo."

Sobre o esloveno, voltou a elogiar a sua grandeza: "Já nem nos lembramos que ele é vencedor da Volta a França, da Liège-Bastogne-Liège, e agora bicampeão da Flandres. Ele é o melhor ciclista de sempre. Está 11 Monumentos atrás de Eddy Merckx, sim, mas o contexto é outro. Ele ainda é jovem. Enquanto outros se especializam, ele expande o seu território. Se isto não prejudicar a preparação para a Volta a França, irá continuar a dominar. Vai continuar a fazer história."

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