Após meses de rumores e especulação, está finalmente fechado um dos movimentos mais impactantes do ciclismo moderno:
Remco Evenepoel vai vestir as cores da
Red Bull - BORA - hansgrohe a partir de 2026. A transferência, confirmada por fontes próximas da Gazzetta dello Sport e do Cycling Podcast, marca um ponto de viragem na elite do ciclismo profissional, tanto pelo peso do nome envolvido como pelas implicações estruturais que acarreta.
Apesar da insistência da
Soudal - Quick-Step de que o contrato do belga vigora até ao final de 2026, a realidade legal na Bélgica permite que ciclistas rescindam contratos mediante compensação financeira. Segundo as publicações que avançaram a notícia, um novo acordo plurianual entre Evenepoel e a equipa alemã já foi rubricado durante o segundo dia de descanso da
Volta a França, precisamente antes da sua retirada da corrida. O vínculo deverá prolongar-se até, pelo menos, 2028.
"Está confirmado", escreveu Ciro Scognamiglio, jornalista da Gazzetta. Uma afirmação lacónica que confirma aquilo que há muito era dado como iminente: o prodígio belga vai mesmo trocar de camisola e liderar um novo projeto.
Um desfecho anunciado
A relação de Evenepoel com a Soudal - Quick-Step, embora vitoriosa, nunca foi isenta de fricções. Desde a sua estreia no pelotão profissional que o belga tem expressado preocupações quanto à capacidade da equipa para o apoiar em Grandes Voltas, particularmente em terreno montanhoso. A contratação de Mikel Landa antes da Volta a França de 2024 mitigou algumas críticas, e o duo até brilhou nessa edição, mas a insatisfação estrutural de Evenepoel persistiu.
A transferência para a Red Bull - BORA - hansgrohe surge assim como uma progressão lógica. Potenciada pelo recente investimento da Red Bull, a equipa alemã tem vindo a reforçar de forma clara a sua estrutura, tanto em recursos humanos como materiais. A contratação de Maxim Van Gils, outro talento belga, já indiciava o rumo expansionista da formação de Ralph Denk. Mas Evenepoel representa outro calibre. É a pedra angular de um projeto que agora ambiciona rivalizar com gigantes como a UAE Team Emirates, INEOS Grenadiers e a Team Visma | Lease a Bike.
Um palmarés de peso, uma ambição sem limites
Remco Evenepoel chega à Red Bull - BORA - hansgrohe com um currículo que impressiona até os mais exigentes. Aos 25 anos, já conquistou:
- A geral da Volta a Espanha 2022, com cinco vitórias de etapa entre as edições de 2022 e 2023
- Duas vitórias consecutivas da Liège–Bastogne–Liège (2022, 2023)
- Três triunfos na Clássica de San Sebastián (2019, 2022, 2023)
- Títulos mundiais: campeão do mundo de estrada (2022) e bicampeão mundial de contrarrelógio (2023, 2024)
- Campeão olímpico duplo em Paris 2024: ouro tanto na prova de fundo como no contrarrelógio
- Vitórias em etapas na Volta a França (2024, 2025), Volta a Itália (2023), UAE Tour (2023)
- Vitórias em provas de uma semana como a Volta à Polónia (2020) e Volta ao Algarve (2020, 2022, 2024)
Trata-se, inegavelmente, de um dos ciclistas mais completos da sua geração, capaz de brilhar tanto em clássicas de um dia como em contrarrelógios e montanhas. A sua entrada numa estrutura como a da Red Bull - BORA - hansgrohe promete não apenas elevar o nível competitivo interno, mas sobretudo posicionar a equipa como séria candidata à conquista das Grandes Voltas.
Uma nova era no ciclismo mundial
Esta transferência não representa apenas um reforço para a equipa alemã, mas um verdadeiro abalo na hierarquia do WorldTour. A Red Bull - BORA - hansgrohe deixa de ser uma equipa de segunda linha em ambições de classificação geral para assumir-se como potência consolidada, com um líder à altura dos melhores.
Para a Soudal - Quick-Step, a saída de Evenepoel representa um duro golpe, não apenas desportivo, mas simbólico. O projeto construído em torno do belga perde a sua figura central, e a necessidade de redefinir estratégias a médio prazo será inevitável.
Já para Evenepoel, esta mudança representa o início de uma nova fase, com maior estrutura, mais ambição coletiva e, acima de tudo, uma plataforma de excelência para alcançar a tão ambicionada vitória na Volta a França. A pressão, porém, acompanhará cada pedalada.
Com a época de 2025 ainda a meio, é cedo para avaliar o impacto desportivo imediato desta mudança. Mas uma coisa é certa: a ida de Evenepoel para a Red Bull - BORA - hansgrohe pode muito bem ser o ponto de viragem que definirá a próxima década do ciclismo mundial.