"Vamos fazer uma corrida atípica" - A Bélgica inventa um plano para Remco Evenepoel para derrotar Pogacar no Campeonato da Europa

Remco Evenepoel está à beira da história. Tendo já conquistado o ouro olímpico na corrida de estrada e no contrarrelógio, três títulos mundiais de contrarrelógio e um título mundial de estrada, o belga poderá completar uma tripla olímpica-mundial-europeia sem precedentes se vencer hoje a corrida de estrada do Campeonato da Europa em França.

O percurso nas regiões de Drôme-Ardèche é exigente: três subidas a Saint-Romain-de-Lerps (7,1 km a mais de 7%), seguidas de seis subidas do Val d'Enfer (1,5 km a quase 10%), um circuito em forma de dente de serra que castigará todos os que não avaliarem corretamente o esforço ou o tempo. Um percurso como este significa que apenas os melhores trepadores poderão sobreviver para disputar o título. A corrida de 203 quilómetros atraiu o maior número possível de participantes, preparando um confronto a três entre Evenepoel, Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard, as três forças dominantes do ciclismo moderno.

Para Evenepoel, isto é mais do que mais uma linha num palmarés já repleto de títulos. "Este é um grande objetivo para mim, talvez ainda maior do que o Campeonato do Mundo no Ruanda", disse recentemente ao Wielerflits. "É um título que ainda não ganhei e o percurso assenta-me muito bem".

A Bélgica vai apoiá-lo com aquilo a que o treinador Serge Pauwels chama um plano "atípico". "Vamos fazer uma corrida atípica. Isso significa que não vamos tomar a iniciativa? Não vou dizer. Mas temos algo especial planeado", afirmou ao Het Nieuwsblad. "Se isso se vai concretizar, veremos".

Evenepoel é o líder indiscutível, mas Pauwels também deu a entender que existe um wildcard tático no plantel. "Remco é o nosso líder, claro, mas se surgir a situação de Maxim Van Gils estar connosco, isso seria bom. Ele é rápido na chegada e também pode ganhar ao sprint".

O treinador espera que o desgaste seja implacável ao longo do dia. "Pode ser um contra um, talvez até mais um", anteviu Pauwels. "Todas essas subidas vão cobrar o seu preço".

Evenepoel, que dominou o contrarrelógio europeu de quarta-feira para conquistar o ouro à frente de Filippo Ganna, está confiante mas realista em relação aos seus rivais. Foi segundo na corrida mundial de estrada no passado domingo e quer fazer melhor hoje. "Tadej e eu mostrámos que estamos em boa forma; Jonas ainda é um pouco um ponto de interrogação", atirou. "Seria ótimo se conseguíssemos estar todos frente a frente em condições de topo. Estou curioso para ver a posição do Jonas, especialmente porque as corridas de um dia têm sido um ponto fraco para ele no passado".

Já no dia de hoje, à partida, o belga concedeu mais algumas palavras à comunicação social: "Sim, muito bem", disse Evenepoel quando lhe perguntaram como se sentia. "Tive dois dias mais fáceis, por isso tudo deve correr bem. E sim, o tempo está bom, por isso vai ser um dia bonito".

O percurso é considerado um dos mais difíceis dos últimos anos. Para Evenepoel, isso é positivo. "Sim, parece muito bom, muito difícil, especialmente depois de fazermos as voltas locais", disse. "Vai ser importante chegar lá fresco, estar sempre em boa posição e estar pronto para várias circunstâncias e situações".

Há apenas uma semana, no Campeonato do Mundo de Kigali, um problema mecânico fez descarrilar a sua tentativa de acompanhar o ataque decisivo de Tadej Pogacar. "Sim, claro que vou tentar. Vou tentar fazer o meu melhor para estar lá em cima e ter uma boa luta", prometeu. "Acho que é uma corrida diferente, uma corrida mais curta, por isso as táticas também vão ser diferentes. Vamos apenas dar o nosso melhor e tirar o máximo partido dela".