A época de
Arnaud De Lie conheceu uma reviravolta decisiva na reta final de 2025. Depois de uma primavera apagada, marcada por poucos resultados e confiança em queda, o jovem talento da
Lotto voltou a brilhar, vencendo o Renewi Tour e a
Clássica da Bretanha. Dois triunfos que não só relançaram a sua temporada, como também permitiram à equipa belga duplicar o número de vitórias numa única semana. Inevitavelmente, surgem as questões: o que esteve na origem desta mudança de rumo?
A chave mental e o papel da equipa
Para Kurt van de Wouwer, diretor desportivo da Lotto, a resposta encontra-se no equilíbrio entre mentalidade e apoio estruturado. "Desde as suas primeiras corridas nos Sub-23 que sabemos que o Arnaud é um puro-sangue. Quando tudo está bem física e mentalmente, ele é absolutamente de classe mundial. Só está a confirmar o que já sabíamos. Houve momentos difíceis, mas agora está de volta ao seu melhor".
No início do ano, a pressão de carregar as ambições da Lotto revelou-se pesada para De Lie. "Arnaud disse na semana passada que lhe tinha sido retirado um peso. Ele sabia que teria de carregar a equipa este ano, e isso pode tornar-se um fardo se as coisas não correrem como desejamos. É crucial que esteja bem na sua cabeça. Não foi esse o caso na primavera, mas trabalhámos bem com ele. Cabe-nos a nós evitar que faça coisas que o afetem mentalmente".
Van de Wouwer fez ainda questão de elogiar a equipa técnica e o treinador Kobe Goossens, que tratou a situação com sensibilidade. "O Kobe está muito atento às necessidades de Arnaud. Há coisas que funcionam para outros ciclistas, mas temos de deixar o Arnaud seguir o seu próprio caminho. Podemos ser extremamente científicos, mas estamos a lidar com pessoas e não podemos esquecer o aspeto humano. Nós, e sobretudo o próprio Arnaud, soubemos gerir isso nos últimos meses".
Arnaud De Lie atingiu no passado domingo a marca redonda das 30 vitórias
O Tour como ponto de viragem
Os sinais de recuperação começaram a notar-se já na Volta a França. "Isso reflete a sua classe. Poucos ciclistas conseguem começar o Tour sem estar a 100% e ainda assim evoluir durante a corrida. O Arnaud passou bem essa prova e isso lançou as bases para o seu excelente outono. Em Hamburgo ganhou ainda mais confiança e, desde então, tem corrido de forma verdadeiramente impressionante", explica Van de Wouwer.
Apesar da recuperação de De Lie, o panorama geral para a Lotto em 2025 continua desafiante, com menos vitórias e pontos UCI do que nos anos anteriores. "Não foi só o Arnaud. Ganhámos menos corridas no geral e também somámos menos pontos UCI do que nos últimos dois anos", admite o diretor desportivo. "Mas a época só termina em outubro. Da forma como estamos a correr, ainda há mais por vir. Queremos compensar a época e aproveitar todas as oportunidades".
Entre resultados e incerteza de futuro
Com rumores de fusão com a Intermarché-Wanty a pairar, Van de Wouwer pediu serenidade ao plantel. "Os nossos ciclistas não devem perder o sono com isso. Fazemos o nosso trabalho e essas questões têm de permanecer separadas. A fusão vai acontecer, mas nem todos os detalhes estão fechados. Primeiro, queremos terminar a época o melhor possível".
Independentemente do que resta de 2025, Arnaud De Lie termina o ano em alta, com quatro vitórias: uma na Étoile de Bessèges, a 5ª etapa e a geral do Renewi Tour, e agora a Clássica da Bretanha. Depois de um início de temporada sem chama, o belga regressa ao inverno com confiança renovada e esperança de manter esta forma em 2026, ano em que os adeptos aguardam vê-lo brilhar ao mais alto nível, seja em clássicas ou nas grandes voltas.