"Vai ser uma temporada dura e aberta" Antigo campeão do mundo fala sobre o incrível crescimento do ciclocrosse

Enquanto a época de estrada chega ao fim, o ciclocrosse europeu já ganhou vida com as primeiras provas da nova temporada. Em Meulebeke, a equipa Crelan–Corendon começou da melhor forma, com Joran Wyseure e Laurens Sweeck a assegurarem uma dobradinha no Exact Cross. O próximo grande momento será já no domingo, em Ruddervoorde, palco da ronda de abertura do Superprestige, onde Wyseure defenderá o triunfo conquistado no ano passado.

Contudo, as grandes estrelas da modalidade - Mathieu van der Poel, Wout van Aert e Tom Pidcock - estarão ausentes, preparando-se para regressar apenas mais tarde no inverno. Isso deixa espaço para novos protagonistas e segundo o antigo campeão mundial Paul Herygers, Thibau Nys será o homem que poderá aproveitar essa oportunidade.

Em entrevista ao WielerFlits, Herygers desvalorizou as críticas à falta de público em Meulebeke e destacou o crescimento do pelotão profissional. “Na primeira corrida da época ouvi alguém dizer que a afluência do publico era desanimadora. Mas acreditem em mim, os elites cresceram muito desde o ano passado. Todos aqueles rapazes que há poucos anos eram apenas entusiastas de fim de semana, tornaram-se verdadeiros ciclistas de ciclocrosse. Competem a nível mundial e terminam corridas duras.”

O analista acredita que o nível atual do ciclocrosse é mais elevado e equilibrado do que nunca. “Hoje em dia, ninguém pode afirmar que domina o calendário. Os tempos em que um só ciclista vencia um punhado de corridas acabaram. Em Ruddervoorde, só um poderá voltar a ganhar e isso diz muito sobre a competitividade atual.”

Sem os colossos Van der Poel, Van Aert e Pidcock, o campeão europeu Thibau Nys aparece como principal candidato às vitórias nas primeiras semanas. Para Herygers, o jovem belga está finalmente pronto para assumir o papel de protagonista.

“Penso que o Thibau Nys tem finalmente o campo aberto. Já não precisa de duvidar se consegue completar uma época inteira de ciclocrosse ou se tem pontos fracos. Nas provas específicas que apontou, vai querer ganhar. Não ficará com o pão todo, mas metade é dele. Os restantes vão ter de se contentar com as migalhas. E quando o Van der Poel regressar em dezembro, será ele a ajustar-se.”

A maturidade física e mental de Nys, aliada ao forte início de época da Baloise-Trek Lions, fazem dele o homem a bater nas próximas rondas.

Outro nome que promete agitar o pelotão é Toon Aerts, que regressou à competição no inverno passado, após uma suspenção por doping. O belga, agora com 31 anos, beneficiou da parceria entre a sua equipa Deschacht–Hens–FSP e a formação de estrada Lotto Dstny, o que lhe permitiu competir em diversas provas de estrada durante o verão.

“Deve ter sido óptimo para o Toon. Vai torná-lo um ciclista diferente, depois do que foi um ano de transição no inverno passado. Na primeira metade da época, teve de partir sempre de trás porque não tinha pontos UCI. Agora poderá lutar novamente com os melhores”, explicou Herygers.

Com Nys, Wyseure, Sweeck e Aerts em destaque, e o regresso dos monstros sagrados previsto para dezembro, a temporada de ciclocrosse 2025-2026 promete ser uma das mais imprevisíveis e competitivas dos últimos anos.