O debate sobre o calendário das Grandes Voltas ganhou nova dimensão após
Tadej Pogacar defender publicamente que a Volta a Itália e a Volta a Espanha deveriam trocar de posição no calendário. A proposta, inicialmente vista como improvável por razões históricas e logísticas,
recebeu apoio imediato de Adam Hansen, presidente da CPA (sindicato de ciclistas), que validou a ideia numa publicação no X.
Durante o estágio do UAE Team Emirates – XRG na Gran Canaria, Pogacar explicou a sua posição ao AS:
“Digo sempre que, se a Volta a Itália e a Volta a Espanha trocassem o calendário, seria muito melhor, quer pelas condições meteorológicas, mas também porque permitiria a participação de mais corredores.”
Hansen reage: “Nunca fizeram o Giro com neve, ou a Vuelta com calor abrasador”
Adam Hansen foi rápido a responder nas redes sociais, sublinhando que o tema já tinha sido discutido informalmente.
“Tenho dito isto nos últimos anos durante o PCC e outras reuniões. Riram-se de mim, mas, obviamente, nunca fizeram o Giro com chuva gelada e neve, ou a Vuelta com um calor abrasador. Esse é o maior problema no ciclismo: a tradição está a travar o ciclismo.”
As palavras de Hansen reforçam a percepção de que as condições extremas - frio intenso em maio no Giro, calor sufocante em agosto/setembro na Vuelta - podem influenciar diretamente o desempenho dos ciclistas e a própria saúde dos mesmos.
A visão de Pogacar: ambição e gestão de esforço
Pogacar tem apontado a 2026 como o ano da tentativa de completar o trio de Grandes Voltas, mas admite que a sequência atual dificulta conciliar um esforço máximo na Volta a França com uma candidatura forte na Vuelta.
A troca de datas permitiria:
- melhores condições meteorológicas para ambas as provas
- recuperação mais eficaz entre Grandes Voltas
- participação de mais líderes em ambas as provas, potenciando a competitividade
- evitar exigências extremas num calendário já altamente comprimido.
Gran Canaria como palco futuro?
Na mesma entrevista, o esloveno elogiou Gran Canaria como potencial anfitriã da Volta a Espanha no futuro. A ilha não integra o percurso de 2026, mas Pogacar reforçou que o clima e as condições de treino fazem dela um destino ideal para competições nesta fase da época.
Um debate que pode ganhar força - mas não a tempo de 2026
Com uma das principais figuras do pelotão e o líder do sindicato de ciclistas alinhados na opinião, o tema deverá surgir nas discussões estratégicas futuras. Porém, é altamente improvável que tenha impacto imediato, dado que a estrutura base do calendário de 2026 está praticamente definida.
Ainda assim, a intervenção de Hansen é o sinal mais forte até agora de um apoio institucional à proposta. O conflito entre tradição e modernização volta a emergir e desta vez com porta-vozes de peso.