A edição de 2025 da
Volta a França promete mais uma vez um duelo de alto nível entre
Tadej Pogacar e
Jonas Vingegaard, naquela que já é uma das rivalidades mais marcantes da era moderna do ciclismo. Será a quinta edição consecutiva da prova com estes dois protagonistas na luta pela camisola amarela, mas terão novamente oposição de peso.
Remco Evenepoel,
João Almeida e
Primoz Roglic surgem como candidatos ao pódio, enquanto
Mathieu van der Poel e
Wout van Aert estão de olhos postos nas etapas. Os sprinters também terão o seu espaço, com nomes como
Jonathan Milan e
Tim Merlier a apontar baterias à liderança da geral logo no primeiro dia.
O percurso de 2025 foi apresentado a 29 de outubro em Paris, ainda sem todos os perfis detalhados divulgados, mas já se conhece o traçado geral. A Grande Partida será em Lille, na região de Hauts-de-France, no noroeste do país. As primeiras etapas favorecem os sprinters e ciclistas de clássicas, oferecendo várias oportunidades para quem tem explosão e potência. Até à 11ª etapa, é esperado um Tour aberto e imprevisível, com finais técnicos e possibilidade de ventos laterais, exigindo atenção total dos homens da geral.
A verdadeira montanha chega a partir da 12ª etapa, com uma sequência exigente nos Pirenéus. O Hautacam volta a receber uma chegada em alto, seguindo-se um contrarrelógio de montanha em Peyragudes e uma nova subida até Superbagnères, formando um bloco decisivo onde os favoritos terão de mostrar força real.
A terceira semana retoma o elevado nível de exigência, com o regresso do icónico Mont Ventoux na 16ª etapa. Nos Alpes, os ciclistas enfrentarão dois dos dias mais duros da edição, com finais no Col de la Loze e em La Plagne. Serão etapas cruciais para decidir a classificação geral antes do tradicional desfile até Paris, que encerra a prova, mas este ano promete mais emoção com as passagens pela subida de Montmarte.
Antevisão da Volta a França 2025 1ª etapa: Lille - Lille
A primeira etapa da corrida será plana e uma oportunidade perfeita para os sprinters conquistarem a camisola amarela. A meio do percurso, os ciclistas encontrarão ainda os paralelepípedos de Mont Cassel.
2ª etapa: Lauwin-Planque - Boulogne-sur-Mer
A segunda etapa da corrida deverá ter um final ao sprint em Boulogne-sur-Mer, embora alguns sprinters sejam seguramente descartados pelas subidas íngremes que a antecedem. A rampa final para a meta tem 1,2 quilómetros de comprimento a 3,8%.
3ª etapa: Valenciennes - Dunkerque
No terceiro dia de corrida, os sprinters puros voltam à ribalta para lutar por mais uma vitória na etapa, em Dunquerque.
4ª etapa: Amiens - Rouen
A segunda chegada em falso plano da corrida terá lugar em Rouen e é um final explosivo e emocionante. Os últimos 21 quilómetros têm quatro subidas, a última das quais a apenas 5 quilómetros do final, com 900 metros de comprimento e mais de 10%.
5ª etapa (CRI): Caen - Caen
O único contrarrelógio plano da corrida e que surge muito cedo, no que deverá ser a primeira batalha séria da corrida. Em Caen, os especialistas que vão lutar pela geral terão 33 quilómetros para fazer a diferença para os puros trepadores.
6ª etapa: Bayeux - Vire
O terceiro final numa colina da primeira semana, na Normandia. 1,2 quilómetros a 7,2%, a 4 quilómetros do final, e depois os últimos 700 metros a 10% em direção à meta, que poderá ver uma mistura de trepadores, ciclistas de clássicas e sprinters a lutar pela vitória.
7ª etapa: Saint-Malo - Mur-de-Bretagne
O quarto final explosivo da semana, no famoso Mur-de-Bretagne. Um dia em que os ciclistas vão guardar tudo para os últimos 2 quilómetros, com uma média de 6,9%. Os primeiros quilómetros têm uma média de 10% em linha reta e depois uma ligeira subida até à meta que será dolorosa para todos os participantes.
8ª etapa: Saint-Méen Le Grand - Laval
Mais uma etapa para os sprinters puros, um dia de transição pelo território francês que termina na cidade de Laval.
9ª etapa: Chinon - Chateauroux
Em Châtearoux, teremos mais uma etapa para os sprinters puros, sem qualquer subida categorizada pelo caminho e com os candidatos à camisola verde em destaque.
10ª etapa: Ennezat - Mont Dore-Puy de Sancy
No dia da Bastilha temos uma etapa com 4400 metros de desnível, com sete subidas categorizadas e uma constante montanha-russa. Um dia para os ciclistas das clássicas, mas provavelmente também para a luta pela liderança da classificação geral, muito pode acontecer aqui e há muitas armadilhas. Mesmo que os ciclistas da geral resistam ao terreno caótico, os últimos 3,3 quilómetros têm uma média de 8% e devem fazer com que os candidatos à vitória na geral meçam forças, antes do 1º dia de descanso.
11ª etapa: Toulouse - Toulouse
A segunda semana inicia-se com um dia que começa e termina em Toulouse. Um dia para uma potencial fuga, ataques tardios ou um sprint de grupo reduzido. O final tem muitas pequenas subidas que podem fazer explodir a corrida.
12ª etapa: Auch - Hautacam
A primeira etapa de alta montanha da prova. Depois de um início plano, os ciclistas entram nos Pirinéus e a subida final para Hautacam pode causar sérios danos. São 13,6 quilómetros a 7,8% e, no passado, criaram grandes diferenças no Tour - na última vez que uma etapa terminou neste local, Vingegaard ganhou mais de 1 minuto a Pogacar.
13ª etapa (CRI): Loudenvielle - Peyragudes
O segundo dia de montanha é um espetáculo invulgar no Tour: Uma cronoescalada! A subida de 8 quilómetros para Peyragudes será disputada depois de alguns quilómetros planos em Loudenvielle... A subida tem uma média de quase 8% e apresenta a brutal rampa para a meta rumo ao altiport, que se tornou famoso nos últimos anos.
14ª etapa: Pau - Luchon-Superbagneres
Antes de deixarem os Pirinéus, os ciclistas enfrentam um dia com 5000 metros de desnível positivo acumulado. Quatro longas e constantes subidas, a última das quais é a Superbagneres. 12,4 quilómetros de extensão com mais de 7%, um dia muito semelhante ao de Hautacam e aos que se seguirão na última semana.
15ª etapa: Muret - Carcassonne
Um dia que poderia ser um prémio para os sprinters, depois de 3 dias duríssimos e antes de um dia de descanso, mas os organizadores do Tour tornaram-no o mais difícil possível. Uma fuga pode muito bem ser bem sucedida neste último dia da segunda semana, uma vez que o percurso para Carcassonne apresenta duas subidas difíceis a meio e um final em descida.
16ª etapa: Montpellier - Mont Ventoux
O primeiro dia da última semana tem um perfil maioritariamente plano e depois um final brutal no Mont Ventoux, como diriam os espanhóis, uma etapa "unipuerto". O Gigante da Provença tem uma média de quase 9% ao longo de 16 quilómetros, mas isto já depois de alguns quilómetros falsamente planos. Uma montanha para os trepadores puros, onde as condições climatéricas, em particular o vento, também fazem muitas vezes a diferença, esta pode ser uma tremenda bomba lançada na luta pela classificação geral.
17ª etapa: Bolléne - Valence
Mais um dia para os sprinters, com final em Valence. Desta vez, não deve haver muito para o impedir. Talvez a última etapa de sprint da corrida.
18ª etapa: Vif - Courchevel (Col de la Loze)
5500 metros de desnível na etapa 18 da corrida, o dia mais difícil do Tour com muitos metros de subida e altitude. O Col du Glandon abre a etapa, o Col de la Madeleine irá dizimar ainda mais o pelotão, mas a subida mais difícil do dia é o Col de la Loze. Na verdade, não é o lado que tem sido escalado nas últimas edições, é uma subida diferente para Courchevel, com mais de 26 quilómetros de extensão a 6,4% e que será um final brutal.
19ª etapa: Albertville - La Plagne
O último dia de alta montanha terá final em alto em La Plagne e contará com cinco subidas categorizadas, mas tudo se resumirá à última. 19 quilómetros com mais de 7% de inclinação serão mais um desafio para a classificação geral antes de os ciclistas deixarem as montanhas.
20ª etapa: Nantua - Pontarlier
A 20ª etapa será um dia de média montanha em Pontarler deveremos ter uma fuga bem sucedida. Esta poderá incluir muitos ciclistas de clássicas, sprinters e até trepadores ou figuras da classificação geral que tentam ajustar posições no top 10.
21ª etapa: Mantes-la-Ville - Champs-Elysées
A última etapa da corrida regressa a Paris, mas este ano com uma novidade. Os organizadores do Tour decidiram fazer um final difícil, em que um sprint poderia decidir o resultado; mas com a subida empedrada de Montmartre a ser percorrida três vezes num circuito final explosivo (como foi o caso nos Jogos Olímpicos), poderíamos ter os ciclistas das clássicas e os homens da geral a lutar pela vitória.
Os Favoritos
Jonas Vingegaard - A Team Visma | Lease a Bike apresenta, em teoria, a equipa mais sólida da prova. Vingegaard parte com uma formação desenhada à sua medida, com todas as peças no sítio certo. O dinamarquês chega em excelente forma e rodeado por um bloco que inclui Matteo Jorgenson, Simon Yates e Sepp Kuss na montanha, Edoardo Affini e Victor Campenaerts para controlar etapas planas e dias traiçoeiros, e ainda um elemento imprevisível como Wout van Aert. A estrutura está montada. No entanto, diferentemente de 2022 e 2023, mesmo ao seu melhor nível, Vingegaard pode não conseguir bater Pogacar. O seu sucesso dependerá mais de eventuais falhas do rival esloveno do que da sua própria capacidade.
Tadej Pogacar - O esloveno da UAE Team Emirates - XRG é o homem a bater. Dominador em 2024, chega ao Tour no mesmo patamar. Completo em todos os terrenos - subidas, contrarrelógio, sprint, posicionamento - Pogacar tem ainda um coletivo de luxo à sua volta, com destaque para João Almeida, Adam Yates e Pavel Sivakov. Mesmo isolado, como já se viu no Critérium du Dauphiné, é capaz de controlar as ações dos adversários. Se evitar quedas e problemas físicos, será difícil tirarem-lhe uma quarta vitória. João Almeida será a segunda opção da equipa e também legítimo candidato ao pódio, depois de ter dominado nas corridas de 1 semana.
Primoz Roglic lidera uma Red Bull - BORA - Hansgrohe que não chega como favorita, mas que tem uma estrutura sólida e versátil. O esloveno falhou o objetivo no Giro, mas manteve a preparação para o Tour e poderá apresentar-se em grande forma. No entanto, os longos dias de montanha com subidas constantes não favorecem tanto o seu perfil. Florian Lipowitz, co-líder da equipa, pode até ser a melhor aposta para terminar no top 5, fruto da sua consistência e evolução recente. Com Aleksandr Vlasov como gregário de luxo, a BORA vai navegar conforme a corrida evoluir, sem obrigação de trabalhar na frente.
Remco Evenepoel parte como terceiro nome na hierarquia dos favoritos. A Soudal - Quick-Step não tem a profundidade da UAE ou da Visma e, se o belga se encontrar ao nível dos dois principais favoritos, será alvo de ataques por parte das equipas rivais. No entanto, é um corredor metódico, que fez uma boa recuperação após a lesão e deve voltar a mostrar solidez na montanha. Pode vestir a amarela na primeira semana graças ao contrarrelógio, mas a consistência nas subidas será crucial para garantir um lugar no pódio.
Candidatos ao top 10
A luta pelas posições secundárias será marcada por várias figuras: Carlos Rodríguez lidera a INEOS Grenadiers com liberdade, enquanto Geraint Thomas e Laurens De Plus podem também ambicionar o Top 10. Felix Gall, vencedor no Col de la Loze em 2023, chega motivado pelo desempenho na Volta à Suíça e deve crescer na terceira semana. Enric Mas poderá também focar-se em vitórias em etapas, dependendo do andamento da classificação geral. Mattias Skjelmose, Santiago Buitrago, Ben O’Connor, Guillaume Martin e Oscar Onley parecem ser nomes seguros para apostar num resultado entre os melhores
Sprinters
O lote de sprinters é vasto e de qualidade. Jonathan Milan, Tim Merlier e
Jasper Philipsen surgem como os grandes nomes, mas Biniam Girmay, vencedor de três etapas e da camisola verde em 2024, está novamente entre os favoritos. A primeira etapa será já decisiva, com a camisola amarela em disputa entre os homens rápidos. Também entram na equação Jordi Meeus, Marijn van den Berg, Phil Bauhaus, Pascal Ackermann, Dylan Groenewegen, Arnaud De Lie, Bryan Coquard, Fernando Gaviria, Alberto Dainese e Jake Stewart. Até Wout van Aert e Kaden Groves podem, em certos dias, disputar os sprints.
Caçadores de etapas
A Grand Boucle é a corrida onde só os melhores conseguem brilhar. Entre os caçadores de etapas destacam-se Lenny Martínez, Tobias Johannessen, Lennert Van Eetvelt e Kévin Vauquelin, homens que, à partida, não lutarão pela geral, mas podem ganhar chegadas em alto ou somar pontos para a camisola da montanha. No grupo de homens de clássicas e todo-o-terreno estão Mathieu van der Poel, Matej Mohoric, Ben Healy, Neilson Powless, Magnus Cort Nielsen,
Julian Alaphilippe, Thibau Nys, Romain Grégoire, Marc Hirschi e Filippo Ganna, este último, claro favorito ao contrarrelógio plano em Caen.
Previsão para a classificação geral da Volta a França 2025:
*** Tadej Pogacar
** Jonas Vingegaard
* Remco Evenepoel, Florian Lipowitz, Primoz Roglic, João Almeida, Simon Yates, Matteo Jorgenson, Felix Gall, Santiago Buitrago, Mattias Skjelmose, Carlos Rodríguez, Enric Mas
Escolha: Tadej Pogacar
Original: Rúben Silva